gr. πάθος, páthos = paixões, afecções. Para Plotino a afecção (pathos) é por sua parte o efeito de certa relação da alma e do corpo. na medida que cada corpo comporta partes e porque os corpos são diferentes uns dos outros, a multiplicidade das afecções poder ser portanto estabelecida sem que se negue a unidade da alma.
A indiciação dos fenômenos de natureza prática é feita por afecções disposicionais de sentido, por pathe. Estas afecções dispõem-nos bem ou mal, segundo as suas possibilidades limite. Bem, se se tratar de uma manifestação de prazer ou de qualquer dos seus matizes. Mal, se se tratar de uma manifestação de sofrimento ou de qualquer dos seus matizes. Para além de fazerem sentir a sua presença, manifestarem-se, dizem-nos como é de cada vez conosco. Mais, projetam movimentações de vida com uma determinada orientação e uma dada direção. O prazer lança-nos no encalço de qualquer coisa que nos obriga ou convida a persegui-la. Desencadeia um movimento de perseguição. O sofrimento, contrariamente, leva-nos a evitar qualquer coisa que esteja ligada a essa disposição, obriga-nos a um movimento de recuo, ou fuga. O que assim se esboça de um modo passivo parece deixar-nos sem margem de manobra. Entregues à mera possibilidade de reação às provocações disposicionais, com orientações e direções determinadas em vista dos objetivos e dos fins que se apresentam ora prometedores ora ameaçadores. [CaeiroEN:12]
PÁTHOS (passion) [grec]
subs. nt.
Aspect passif d’un changement, par où il est effet d’une cause, conçue elle-même comme action (poieîn). De cette représentation du changement sur le modèle d’un choc, l’atomisme est évidemment l’exemple le plus net, non le seul. En tant que le changement subi par un être ne découle pas nécessairement de sa nature propre, pâthos se rapproche d’accident (sumbebêkôs) ; en tant, au contraire, que l’être est naturellement sujet à tel changement, pâthos désigne la capacité de changer (dûnamis). La sensation relevant du même modèle du choc, pâthos désigne aussi les impressions de l’âme, les sentiments de plaisir/douleur qui les accompagnent, ainsi que les dispositions à leur égard (désir/crainte), d’où une signification éthique négative : passion. Propres à la partie irrationnelle de l’âme, ces passions doivent, chez Platon et Aristote, être soumises à un principe rationnel (logos) ; le sage stoïcien, au contraire, atteint l’apátheia, suppression des passions. (M. Narcy) [NP]