Se somente o Ser é, como o quer Parmênides e que o não-ser não é, que fórmula encontrar para dizer que o falso é real (Sofista 236e)? O erro que é a firmação de um não-ser se reduz a uma pura negação e não se deve aí buscar positividade no erro; ele não dispõe nada e é impensável. “Posto que o falso não pode se dizer, o que é verdadeiro, é o que se diz o que que quer que se diga” (Grenier). Todo enunciado significa do ser e não tem nenhuma necessidade de se subordinar a uma referência exterior a ele mesmo, é o que os sofistas tirarão da tese parmenidiana. Para os sofistas, o problema do erro se desvanece na pluralidade anárquica dos discursos. É entre estas duas teses, aquela de Parmênides e aquela dos sofistas, que se situa a reflexão platônica sobre o erro.
Para Platão, o erro não coloca um puro nada, e seu problema é de encontrar um estatuto ao não-ser particular que é o erro. Assim como se pode ver o que não é, pode-se afirmar o que não existe absolutamente. Deve-se admitir que “julgar falso é outra coisa que julgar o que não é” (Teeteto 189b) ou então o erro seria uma “cegueira que nos faria ver” (Teeteto 202a). Há portanto um não-ser particular intermediário entre o ser positivo e o nada absoluto, assim como entre o belo e o feio se encontra o não-belo, tão real quanto o belo” (Banquete 202a). [Notions Philosophiques]