psyche

A tradução do termo psukhé é sempre difícil. “Alma”, “mente” ou “pessoa”? Os tradutores estão sempre em desacordo. Depois de muito pensar, finalmente optei pela tradução uniforme por “alma”, baseado no fato de que esse termo seria o menos enganoso, pois para a maioria das pessoas (inclusive para aquelas que o rejeitam como sem sentido) o termo “alma” sugere uma “pessoa interna” ou “um fantasma na máquina” (para usar a expressão de Ryle), que é, em minha opinião, muito próximo da visão geral que Platão tinha sobre o assunto. A tradução por “mente”, embora seja ocasionalmente útil nos poucos contextos (como o Fédon) nos quais psukhé é vista como um princípio quase totalmente intelectivo, é enganosa em todos os outros contextos, mais numerosos, nos quais o intelecto é visto apenas como uma das muitas subdivisões da psukhé. Seria menos enganoso, naturalmente, se se pudesse supor que todo leitor deste livro adotaria uma visão de “mente” como a de Ryle; mas isso dificilmente seria o caso.