gr. kyklos = círculo. O corpo é um conjunto complexo de elementos cuja configuração e os diferentes movimentos não são circulares. Ao contrário, a alma que é perfeita só cumpre o movimento circular, aquele que é sempre idêntico a si. Como portanto conceber a direção de um conjunto sensível plural, movido de diferentes maneiras, por um movimento circular incorporal? A solução platônica desta dificuldade, cujas repercussões são também tanto físicas como psicológicas, consiste em introduzir na alma uma certa forma de pluralidade funcional, sustentando que a alma, segundo ela perceba ou mova coisas sensíveis ou formas inteligíveis, não se comporta da mesma maneira, nem é igualmente afetada. Na medida que este movimento circular se efetua sem obstáculo, a alma dirige sem obstáculo qualquer corpo que conhece e envelopa em uma eterna revolução (assim do mundo e, em uma menor medida, dos astros). Quando ela está encarnada nos corpos dos viventes terrestres, a alma está entravada, notadamente porque os corpos dos viventes terrestres não são nem isolados uns dos outros (eles se batem) nem suficientes (eles têm necessidades, devem respirar, se nutrir, se reproduzir). A alma deve então exercer sua dupla função dada esta necessidade. Ela deve então exercer uma função sensitiva, a fim de perceber as impressões que afetam o corpo, e em seguida uma função diretriz, a fim de ordenar os movimentos deste corpo, dele governar a conduta. (Luc Brisson)