Segundo a apresentação de:
O que Marcel Detienne procurou escrever é um pouco da pré-história do poema de Parmênides. Ela se revelou, sem dúvida, mais rica e mais complexa do que ele mesmo esperava, mas, através de uma erudição muitas vezes excessiva, o caminho que segue é, em suma, muito claro. A verdade é, em primeiro lugar, palavra, e Marcel Detienne analisa a verdade no momento em que é ainda o privilégio de alguns grupos humanos, os poetas, os adivinhos, voltados para o longo aprendizado da “memória”, da “musa”, única que sabe “aquilo que foi, aquilo que é e aquilo que será”, a palavra no momento em que se constitui como elogio e censura, capaz de dignificar e de amenizar, de ser verídica ou mentirosa. Na sociedade oriental, egípcia ou mesopotâmica, o elogio do rei não possuía uma natureza diferente do elogio do Deus. A palavra do poeta “fortalece” o rei “justo”, fortalecendo o Deus. O poema assegura a integração da natureza e da sociedade no próprio seio da figura real. Não há verdade que não esteja centrada no rei.