Trasilo organizou os diálogos de Platão em tetralogias, por grupos de quatro:
1) Eutífron ou Sobre a piedade, diálogos crítico; Apologia de Sócrates, ética; Críton ou Sobre o que se deve fazer, ética; Fédon ou Sobre a alma, ética.
2) Crátilo ou Sobre a justeza dos termos, lógica; Teeteto ou Sobre a ciência, crítica; Sofista ou Sobre o ser, lógica; Político ou Sobre a realeza, lógica.
3) Parmênides ou Sobre as formas, lógica; Filebo ou Sobre o prazer, ética; Banquete ou Sobre o bem, ética; Fedro ou Sobre o amor, ética.
4) Alcibíades ou Sobre a natureza do homem, maiêutica; Segundo Alcibíades ou Sobre a oração, maiêutica; Hiparco ou Sobre a cupidez, ética; Rivais ou Sobre a filosofia, ética.
5) Teages ou Sobre a filosofia, maiêutica; Cármides ou Sobre a moderação, crítica; Laques ou Sobre a coragem, maiêutica e Lisis ou Sobre a amizade, maiêutica.
6) Eutidemo ou Erística, refutativo; Protágoras ou Sofistas, probatório; Górgias ou Sobre a retórica, refutativo; Mênon ou Sobre a virtude, crítica.
7) Os dois Hípias — o primeiro Sobre o Belo; o segundo Sobre o erro —, refutativos; Ion ou Sobre a Ilíada, crítica; Menexeno ou a Oração fúnebre, ética.
8) Clitophon ou o Protréptico, ética; República ou Sobre o justo, político, Timeu ou Sobre a natureza, física; Crítias ou Atlântica, político.
9) Minos ou Sobre a lei, político; Leis ou Sobre a legislação, político; Epinomis ou Colegiado de vigilância ou o Filósofo, político; as treze Cartas, éticas.
O critério que presidiu esta classificação em nove tetralogias nos escapa, mas Trasilo parece ter tomado como modelo os concursos de tragédias, onde quatro peças estavam em competição — três tragédias e um drama satírico. Não se sabe se Trasilo foi o iniciador desta classificação, que poderia já ter inspirado Aristófanes de Bizâncio, o qual não tomou em consideração o drama satírico. Parece claro no entanto que os números 9 (= 3 x 3) x 4 (= 2 x 2) procediam da numerologia neopitagórica onde o primeiro par e o primeiro ímpar eram considerados como os princípios de todas as coisas.