Excertos de Jean-Paul Dumont, ÉLÉMENTS D’HISTOIRE DE LA PHILOSOPHIE ANTIQUE
Platão é o discípulo de Sócrates e dos pitagóricos. Do primeiro, que se opunha às pretensões dos sofistas de recusar ao discurso todo poder de apreender o ser verdadeiro (Górgias) ou de ter toda sensação ou percepção por relativa ao sentido ou ao homem — no melhor dos casos, pois isto pode ser a uma rã ou a um macaco — (Protagoras), ele retém a exigência da existência real de ideias eternas, e a necessidade de conferir aos inteligíveis a maior realidade: daí nasce o platonismo pensado como um realismo das ideias. Dos segundos, que faziam de todo ser a mistura do limitado e do ilimitado, adota a concepção segundo a qual o múltiplo não pode existir sem a participação do Uno: daí nascem os primeiros múltiplos (deve-se dizer: uno-múltiplos) que são as ideais-números, e assim por diante, cada mistura ou misto assim constituído devendo ser ele mesmo o limite da mistura que vem depois e que concorre a produzir em introduzindo justamente nele o limite.