Parm. (126a-127d) — Prólogo

Resumo de Luc Brisson

  • Introdução geral
    • As modalidades da transmissão do relato
    • Configuração, “palco” e personagens

De Clazômenas, onde residimos, fomos para Atenas, e ao chegarmos à Praça do Mercado, encontramos Adimanto e Glauco. Tomando-me da mão, disse Adimanto: Saúde, Céfalo! Se precisares de alguma coisa que dependa de nós, é só falares.

Vim justamente para isso, respondi para pedir-vos um favor.

Basta dizeres o de que se trata, me falou.

Então, prossegui: Como se chama aquele vosso irmão por parte de mãe? Esqueceu-me o nome; eu era pequeno, quando vim de Clazômenas a primeira vez, já faz tempo. Se não me falha a memória , o nome do pai é Pirilampo.

Isso mesmo, respondeu; e o dele é Antifonte. Mas, a que vem a tal pergunta?

Estes aqui, lhe falei, são meus conterrâneos e filósofos de alto merecimento. Ouviram dizer que esse Antifonte acompanhava com certo Pitodoro, amigo de Zenão, e que sabe de cor as conversações havidas entre Sócrates, Zenão e Parmênides, por as ter ouvido dele, Pitodoro, assaz de vezes.

Tudo isso é verdade, observou.

Pois são justamente essas conversações, voltei a falar, que desejamos ouvir.

Não é difícil, respondeu; no tempo de moço, Antifonte aplicou-se muito em decorá-las. Presentemente, a exemplo do avô e homônimo, emprega seus lazeres com cavalos. Se quiserdes, vamos procurá-lo; saiu agora mesmo daqui e foi para casa; mora perto, em Melita.

Dito isso, pusemo-nos a andar e encontramos Antifonte em casa, no ponto em que entregava ao ferreiro, para consertar, um freio ou peça equivalente. Depois de resolvido isso, os irmãos lhe explicaram o fim daquela visita. Reconheceu-me, por ainda lembrar-se de minha primeira estada entre eles, e cumprimentou-me. A princípio, hesitou, quando lhe pedimos que nos reproduzisse o diálogo; era grande por demais a responsabilidade, conforme falou; porém acabou consentindo.

Então, Antifonte disse que Pitodoro lhe contara como, de uma feita, Zenão e Parmênides vieram às grandes Panateneias. Parmênides já era de idade avançada, cabeleira inteiramente branca e de presença nobre e veneranda; poderia ter sessenta e cinco anos. Zenão beirava os quarenta; era de bela estatura e exterior agradável. Passava por ser o favorito de Parmênides. Informou que eles assistiam em casa de Pitodoro, no Cerâmico, além dos muros. Para lá acorrera Sócrates e mais alguns de sua companhia, desejosos de ouvir a leitura dos escritos de Zenão, pois pela primeira vez os tinham levado a Atenas. Sócrates nesse tempo era muito jovem. Incumbiu-se da leitura o próprio Zenão, na ausência casual de Parmênides. Já se encontravam quase no fim, segundo Pitodoro, quando ele próprio entrou, acompanhado de Parmênides e de Aristóteles, o mesmo que depois foi um dos Trinta. Assim, só pegaram trecho muito pequeno da leitura. Aliás, Pitodoro já a ouvira antes, do próprio Zenão.

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