Axiocos

O Axiocos onde alternam narração, diálogo e mito, destaca-se do gênero literário da “consolação” praticado por Sêneca, Plutarco e por Cícero.; a obra conheceu uma grande fortuna na Antiguidade, em razão de seu caráter dramático que se associa ao medo que se ampara de uma homem ameaçado pela morte da qualidade de sua argumentação e de seu estilo. Sócrates anda pelas margens do Ilissos para ir ao Cinosargue, quando Clinias, acompanhado de Damon o músico e Cármides, lhe anuncia que seu pais está doente e que vai provavelmente morrer; pede a Sócrates de ir ter com Axiocos, tio de Alcibíades. Quando Sócrates chega junto dele, o doente retoma forças, mas se lamenta. Para consolá-lo Sócrates desenvolve quatro argumentos e conta um mito explicando porque não se deve temer a morte. O primeiro argumento lembra que o homem é sua alma, e que seu envelope corporal só é fonte de misérias. O segundo argumento que Sócrates põe na boca do sofista Prodicos, explica que a vida, cheia de misérias, não vale a pena a quem a ela se apega; também os deuses se apressam dela liberar aqueles que apreciam. O terceiro argumento que Sócrates pretende também tirar de Prodicos, explica que a morte não pode afetar nem os vivos, pois não existe ainda para eles, nem os mortos que não mais existindo nada sentem. O quarto argumento associa a imortalidade da alma às realizações e aos conhecimentos humanos, pois nada disso não seria possível se não houvesse no homem algo de divino. Enfim, o mito contado pelo mago Gobrias confirma estas conclusões. Axiocos que passa melhor, se torna sereno, e Sócrates pode ir passear no Cinosargue.

A inautenticidade do diálogo não traz dúvidas, pois encontram-se um conjunto de argumentos contra o medo da morte que pertencem a diversas correntes filosóficas posteriores a Platão. São argumentos estoicos e sobretudo platônicos que convencem Axiocos, que permanece duvidando dos argumentos cínicos e epicuristas. O diálogo deve datar do fim da Nova Academia, ou seja segunda metade do século II aC. (Brisson, Platon, oeuvres complètes)


Estrutura dada por Léon Robin à versão francesa da obra completa de Platão: Platon : Oeuvres complètes, tome 2

  • Prólogo
  • O temor que inspira a morte é sem razão
    • O cadáver é insensível
    • Cada idade da vida tem suas próprias misérias
    • Toda condição humana comporta vicissitudes
    • A morte é indeiferente: ou não se está morto ou se está morto
  • A felicidade não existe senão depois da morte