Plotin Traités 38-41. Dir. Trad. Luc Brisson e Jean-François Pradeau. GF-Flammarion, 2007
O tratado 40 se interessa pela permanência do mundo e por aquela do céu. Tanto platônicos quanto peripatéticos estimam que o universo é imortal e que os astros o são eles também. Os estoicos, por seu lado, consideram que o universo tal qual o conhecemos nasce e se corrompe seguindo ciclos: o mundo renasce no início de cada ciclo para se consumir ao termo em uma conflagração universal, que dissolve no fogo primitivo tanto os astros como todo o resto do mundo. Plotino aborda portanto um tema clássico, que acompanham um bom número de argumentos de escola. Segundo Aristóteles, o mundo é imortal porque é impossível que um ser não engendrado seja corruptível, enquanto os astros se compõem de um quinto elemento, o éter, que é por natureza incorruptível. Segundo Platão, o mundo é incorruptível porque contém tudo (Timeu 32c-33a), enquanto que os astros não conhecerão a morte, pois o demiurgo deseja que assim seja (Timeu 41a-b). Uma e outra destas duas teses, segundo Plotino, não se dão sem dificuldades. De pronto, não se pode aceitas as hipóteses de Aristóteles sobre o quinto elemento. Em seguida, quando de fato o mundo tudo contém e que nada não pode afetá-lo de fora, assim não se dá com os astros, pois estes não são senão partes do universo. As partes do universo podem nascer e morrer sem que a imortalidade do universo inteiro seja posta em causa. Platão e Heráclito dizem por seu lado que os corpos sensíveis, o que inclui sem dúvida os astros, fluem sempre e que nada permanece idêntico. Além do mais, evocar a vontade do deus não aporta nenhuma luz sobre a questão. Mesmo se Platão estivesse na verdade, qual é portanto a natureza desta vontade e de qual maneira age ela sobre os corpos?