allegoria

allêgoría: interpretação alegórica, exegese.

Etimologicamente deriva do verbo allègorein, ele mesmo composto de allos, “outro”, e de agoreuein, “falar” (em uma assembleia), quer dizer empregar termos outros [que os termo próprios]. Como figura de retórica caracteriza-se por dois traços: (1) duplo sentido, próprio e figurado, o segundo sendo latente e devendo ser descoberto sob o primeiro, único explícito; (2) aquele de sua oposição ao símbolo, no sentido que toma o termo a partir do século XIX. [Notions philosophiques]


ver mythos, theos. [Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters]


Na retórica, a alegoria se distingue claramente destas formas, embora Quintiliano (Oratória 8, 6, 48) chega perto de recomendar formas mistas. O subs. allegoria (alia agoreuo, “dizer alguma coisa-diferente”) se acha em Cícero (Orationes 27, 94), mas o vb. não aparece até Filo (De Cherubim 25; Som. 2, 31; Vit. Cont. 28), Josefo (Ant. Prefácio 24) e, mais tarde, Ateneo (2,69c). Esta ocorrência relativamente tardia torna provável que tivesse a sua origem nos tempos helenísticqs, possivelmente na diatribe estoica-cínica. O vb. significa: (a) “falar alegoricamente”; (b) “alegorizar”. A alegorização sempre desempenhou um papel importante no que diz respeito a escritos sagrados. Quando estes ficavam antiquados, um conteúdo novo e contemporâneo era injetado neles mediante explicações alegóricas, sendo conservada, assim, a sua autoridade canônica. Assim, a alegorização é “uma forma literária tardia, quase decadente. Pressupõe uma etapa de desenvolvimento que já teve, essencialmente, seus tempos úteis. Embora já tenha sido deixada para trás, as pessoas ainda procuram salvar uns restos dela” (C. H. Peisker, “Das Alte Testament – Gabe und Aufgabe” em Kleine Predigttypologie, II, 1965, 17). Quanto à alegoria no pensamento helenístico e cristão primitivo, ver R. P. C. Hanson, Allegory and Event: A Study of the Sources and Significance of Origerís Interpretation of Scripture, 1959. [DITNT]

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