gr. andreía (he): coragem. Latim: fortitudo. Feminino substantivado do adjetivo andreios: masculino, viril, derivado de anér (gen. andrós): o homem masculino. Andreía é, em primeiro lugar, a coragem do guerreiro, bravura, valentia. Tornou-se depois virtude interior de força para o bem. [Gobry]
Como veremos o sentido da ἀνδρεία não é de maneira nenhuma só coragem, ou virilidade, entendidas como virtudes físicas, ou como virtudes morais. O sentido desta excelência não é também só psicológico. Trata-se de todo em todo, como veremos, da possibilidade da abertura para um futuro, quando a situação em que nos encontramos, oriunda de onde quer que seja, nos torna a existência precária e sem razão para continuar. [CaeiroArete:124]
A coragem socrática não é, por isso mesmo, o mero saber do que há a temer e do que há a ousar, mas, se se quiser, o saber do saber do que há a temer e do que há a ousar, tal como a sua excelência não é já também nenhum saber específico, mas tão-só agora um puro saber do saber, seja ele a ἐπιστήμη επιστήμης [episteme epistemes] do Cármides ou o saber do bem interpretado pelo Eutidemo e depois pela República como um simples saber de si. [MesquitaPlatão:68]
António Caeiro: A ARETE COMO POSSIBILIDADE EXTREMA DO HUMANO
A excelência (arete) enquanto perseverança corajosa (andreia) é a possibilidade única que existe para automaticamente resolvermos uma situação destrutiva e perversiva (kakia) provocada pelo medo terrível (phobos) que a vida nos pode trazer, em que ela nos pode fazer cair.