aphairesis

aphaíresis: separação, abstração

1. Para Aristóteles os principais objetos de abstração são os «matemáticos» (mathematika; Anal. post. I, 81b, Metafisica 1061a-b), e o processo é descrito no De anima III, 431b como «pensamento (noesis) das coisas que estão incorporadas na matéria como se não estivessem». Os objetos da ciência da Física são substâncias separadas num sentido ontológico (ver choriston), mas visto que eles incorporam a physis e estão sujeitos a mudança não são conceitualmente separáveis da matéria (Metafísica 1025b), um erro que os platônicos cometem (Phys, II, 194a), enquanto que os objetos da matemática não são substâncias separadas no sentido ontológico mas podem ser separadas da matéria conceitualmente; ver mathematika, hyle.

2. O fato da incognoscibilidade básica da matéria e a consequente necessidade de a captar por analogia (Metafísica 1036a, Physica I, 191a; Platão teve a mesma dificuldade: ver o «raciocínio bastardo» do Timeu 52b) conduz Aristóteles a uma exposição um pouco mais pormenorizada de como se dá o processo da apimiresis. Primacial aqui é a distinção que ele faz entre a matéria sensível e a inteligível (aisthete e noete hyle; ver Metafísica 1036a, 1045a. Plotino usa os mesmos termos mas com um sentido diferente; ver hyle). A última é a espécie de matéria que o espírito apreende no processo abstrativo quando contempla coisas sensíveis (aistheta) mas não qua sensíveis, i. e., como corpos matemáticos compostos de forma e extensão espacial (megethos; ver mathematika e comparar Metafísica 1059b, 1077b), ou por analogia, o princípio potencial em definição, i. e., o genos no que respeita à diferença (Metafísica 1045a; ver diaphora).

Para aphairesis como a via negativa teológica, ver agnostos. (Termos Filosóficos Gregos, F. E. Peters)

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