FILOSOFIA ANTIGA — APULEIO
Eros e Psique
Resumo de Christiane Noireau, LA LAMPE DE PSYCHÉ
Era uma vez um rei e uma rainha que tinham três filhas, mas a caçula, Psique era a mais bela. Tão bela que os mortais não tinham mais interesse nos altares de Afrodite (Vênus) e consagravam suas oferendas a Psique.
Afrodite foi tomada de profunda inveja e encarregou seu filho Eros (Cupido) de vingá-la inspirando a lindíssima mortal um amor profundo pelo mais miserável dos homens.
Psique, com efeito, separada do mundo por sua beleza sobrenatural, era virgem enquanto suas duas irmãs tinham encontrado marido. O rei, inquieto do celibato de sua filha, consulta um oráculo que lhe aconselha de «expô-la» para bodas de morte e sobre um rocha escarpada, um monstro «que voa pelos ares» a esposaria. Uma procissão fúnebre conduz Psique ao pico da montanha onde ela é abandonada, em seguida, levemente elevada e arrebatada por um Zéfiro que a recoloca alhures. Neste alhures ela adormece. Ao despertar é convidada por uma voz — sem corpo — a penetrar no interior de um palácio encantador. As mesas se cobriam por si só de iguarias enquanto músicos invisíveis preenchiam o espaço de música. Psique, cercada de um sobrenatural que se manifesta favoravelmente a seu respeito, se adormece de novo. A noite vinda, o marido desconhecido faz de Psique sua esposa e desde a aurora desaparece para não mais ser percebido por ela. Psique é deixada a uma absoluta solidão enquanto passam os dias e as noites. Enfim, ela obtém de seu esposo invisível a autorização para convidar suas irmãs para que estas lhe façam companhia. Ele aceita mas com a condição expressa que jamais Psique sucumba à tentação da curiosidade sugerida por suas irmãs e que jamais portanto ela não tente vê-lo. Isto foi prometido porque «minha face, se a vês, não a verás mais».
As irmãs chegam levadas por Zéfiro, se tornam loucas de inveja, e certamente, persuadem Psique de conhecer este esposo que ela não pode lhes descrever e que, muito provavelmente, é um monstro ou uma serpente. Durante seu sono lhe será mais fácil, com a ajuda de um punhal, pôr fim a seus dias. Suas irmãs se vão e Psique, de noite, comete o irreparável: ela aproxima sua lâmpada da face do esposo e descobre sua beleza. Perturbada, ela deixa cair uma gota de óleo que o desperta. Ela foge. Psique é abandonada. A falta está cometida, um novo abandono sobrevém, a errância começa. As irmãs serão punidas, precipitadas do alto de um rochedo. Durante este tempo, Afrodite toma conhecimento da traição de seu filho e, com a ajuda de Hermes, se põe em busca de Psique para satisfazer sua vingança. Esta, depois de ter demandado sucessivamente socorro a Ceres e Juno, se entrega ela mesma a Afrodite que a faz ser chicoteada e lhe impõe uma série de provações (grãos, lã, água de Styx), dos quais se livra bem, ajudada na primeira pelas formigas, na segunda por uma cana do brejo, na terceira por uma águia. A última provação é a mais perigosa. Ela deve demandar a Perséfone um pouco de bálsamo de beleza para Afrodite. Perséfone vive nos Infernos. Nesta provação, Psique é ajudada por uma torre que lhe dá a condução a ter diante de Cérbero que guarda as portas infernais e também conselhos importantes que ela seguirá com exceção de um só: com efeito, de novo vítima de sua curiosidade, ela abrirá a caixinha que contém, o bálsamo, o que terá por consequência um desmaio do qual Eros finalmente a despertará. Enfim, diante dos deuses reunidos, Afrodite acalmada, Zeus dá seu consentimento ao casamento e oferece a Psique a ambrosia que a purga «da impura humanidade» e a faz penetrar no domínio dos deuses e dos imortais.
EROS E PSIQUE DE APULEIO