Artemis

ARTEMIS, filha de Zeus e Leto, é a irmã gêmea de Apolo. Tendo nascido antes de Apolo e ajudado a mãe nos trabalhos de parto, ficou tão horrorizada com o que sofreu Leto, que pediu ao pai o privilégio de permanecer para sempre virgem. Deusa da caça e da lua, é representada com vestes curtas, pregueadas, com os joelhos descobertos, à maneira das jovens espartanas. Como Apolo, a quem muitas vezes está associada no mito e no culto, carrega o arco e a aljava cheia de setas temíveis e certeiras. Como deusa da lua, empunha tochas e, por vezes, tem a cabeça encimada pelo astro da noite e coroada de estrelas. Acompanhada pelas ninfas e pelas virgens hiperbóreas, percorre selvas e montanhas. De seu séquito fazem parte igualmente vários animais selvagens, que lhe simbolizam as qualidades: veados, corças, lebres, leoas, javalis… O urso traduz bem seu papel de protetora das moças. As jovens púberes consagradas à “deusa selvagem” eram chamadas arktoi, ou seja, ursas, durante a adolescência.

Artemis, como deusa da caça e da lua, era a personificação da total independência do espírito feminino. O arquétipo por ela representado capacita a mulher a buscar seus objetivos em terreno de sua livre escolha, conferindo-lhe uma habilidade inata para, através da competição, afastar de seu caminho a quantos lhe desejam embargar os passos.

A deusa caçadora é o protótipo da divindade que desconhece obstáculos. Embrenha-se nas florestas e vai em busca de sua presa. Vigorosa e destemida, a irmã de Apolo traduz qualidades idealizadas por mulheres ativas que não levam em conta as opiniões masculinas. [BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia Grega III. Petrópolis: Vozes, 1989, p. 348-349]