Excerto de BARBUY, Heraldo. O Problema do ser e outros ensaios. São Paulo: Convívio, 1984, p. 90
O Fogo [pyr] e o rio [potamos] desenvolvem o mesmo papel em Anaxímenes, sob os nomes do Fogo e da umidade [hygrasia], movidos pelo sopro do Ar [aer]; é um Ar que é movimento [kinesis] e fonte de movimento, sendo ele próprio eterno, um Ar que é infinito [apeiron] enquanto eterno e finito enquanto manifestação física; esse Ar, que move a Physis, é um pneuma, spiritus, sopro divino. Se pois as cousas vêm do Ar ou do Fogo, da Água ou da Terra [ge], ou dos quatro elementos [stoicheion] segundo uma antiga tradição a que se filiam Empédocles e outros, a fascinação da Physis não abandonou nunca o pensamento grego. Os pré-socráticos foram censurados por Aristóteles por não haverem descoberto a doutrina das quatro causas [aition], e não por haverem buscado a origem dos seres na Physis; seu erro consistiu em haverem procurado a origem dos seres unicamente na natureza da matéria [hyle]; são censurados porque não fizeram ver o princípio ordenador do Kosmos sobre o Chaos da Physis. Não destacaram claramente a substância [ousia] formal e a causa final que pendem do princípio do Kosmos e não do Chaos. Aristóteles vem completá-los, não refutá-los.