BRISSON, Luc & PRADEAU, Jean-François. Plotin Traités 27-29. Paris: GF Flammarion, 2005, p. 29.
No capítulo 2 do Tratado-6 (Eneada-IV-8), Plotino se pronuncia sobre a maneira pela qual a alma do mundo, por meio de seu poder vegetativo, quer dizer de seu poder descido e logo inferior, vai produzir, quer dizer informar, e governar o corpo do mundo, É então que se colocam os problema da natureza e aquele da providência.
Por sua parte superior, a alma do mundo permanece sempre no alto, enquanto sua parte inferior produz e administra os corpos; é também o caso das almas particulares, cujo poder é menor. No mundo inteligível, as almas múltiplas podem ser consideraras como “almas sem corpo”. Aí, as almas permanecem indivisas e sem partes, e por seu poder superior, elas coincidem com a alma divina ou total, a saber a Alma hipóstase. Plotino mantém esta doutrina até o fim de sua obra. No Tratado-50 (Enéada-III-5), ele confirma estas distinções. E no Tratado-52, encontra-se o paralelismo entre o universo e o indivíduo. Na alma do universo e na alma particular, o poder superior, a alma separada, supera o composto e permanece sempre no alto contemplando o Intelecto e o Inteligível, enquanto que sua parte inferior desce para o corpo. Neste mesmo tratado, encontra-se claramente a distinção entre o nível superior da alma do mundo que permanece ao nível do intelecto (a providência), e um nível inferior que produz o universo e o organiza (a natureza).