Um ser vivo é um corpo animado. É a presença de uma alma em um corpo que define o vivo. Todas as coisas sensíveis dotadas de uma alma e de um corpo são portanto viventes, desde os vegetais até o mundo em seu conjunto.
A vida, conforme o termo zoon, é o resultado de uma encarnação, da animação de um corpo (Fedro, 246c). O ser vivo é um corpo composto cuja alma é suscetível de cumprir certas funções (motoras, desejantes, inteligentes). Diversidade das funções psíquicas e diversidade dos elementos constituintes como funções do corpo fazem do ser vivo uma realidade múltipla. É o comportamento do vivente que permite, uma vida em duração, de associar estes diferentes elementos no exercício de certas funções. A explicação biológica (a zoologia) platônica é teleológica: um vivente é uma organização funcional, uma capacidade a exercer uma ou várias funções. Quando o corpo, mortal, não é mais capaz de exercer suas funções (de nutrição, de reprodução e de defesa), o vivente morre, quer dizer que a alma, imortal, se separa do corpo.
A vida consiste assim em uma organização provisória e funcional, que circunstâncias podem modificar. É principalmente isto que permitem a domesticação e a educação, que são duas formas finalmente semelhantes de formação da vida. Princípio de vida, a alma é também o tema desta educação; é a atitude da alma em ordenar suas próprias funções e tomar conta do corpo que permite distinguir os viventes. O vivente total que é o mundo é um corpo cujos movimentos não são aqueles, circulares, de sua alma; quanto a alma do mundo, ela exerce somente sua função intelectiva. O vivente perfeito, segundo Platão, é uma esfera que gira sobre ela mesma em pensando.