O nascimento do sensível provém da mistura dos moirai, que origina os chremata. De onde provém essa aglomeração a partir do panta homon ? Provém do Espírito:
«Tudo o que possui alma, seja o maior seja o menor, encontra-se sob a dominação do Espírito. É igualmente o espírito que ordena a rotação do conjunto, de modo que é também a causa dessa rotação. E fê-la começar por um ponto minúsculo, em seguida a rotação estende-se e estender-se-á ainda muito mais. Tudo o que se misturava, se separava e se diferenciava, tudo era conhecido pelo espírito. Tudo o que devia acontecer e tudo o que tinha existido, as coisas que não existem atualmente e as que existem atualmente, bem como a sua forma futura, foi o espírito quem dispôs tudo isso. Dispôs também a órbita que atualmente realizam as estrelas, o Sol, a Lua, bem como o ar e o éter que estão para nascer por separação.» (fgt. 12)
O Espírito presidiu à organização de todas as coisas, é o organizador das separações e das associações.
Anaxágoras caracteriza minuciosamente o Espírito: antes de mais, é ilimitado (apeiron) (fgt. 12), e é também eterno: «Quanto ao Espírito, que é etemo, com certeza se encontra, neste momento, ainda onde se encontra tudo o mais: tanto na multidão exterior como entre as coisas surgidas por agregação, ou como entre as anteriormente separadas.» (fgt. 14) Governa-se a si próprio e obedece às suas próprias leis (autokrates) (fgt. 12), a nada se mistura e existe isoladamente (ibid.). É, pois, essencialmente o que governa (kratein). O Espírito é a mais pura e mais subtil de todas as coisas (katharotaton), tem o conhecimento completo e o poder total, é, por consequência, isento de qualquer mistura (fgt. 12).