Caeiro (Arete:49) – arete

CAEIRO, António de Castro. A arete como possibilidade extrema do humano. Fenomenologia da práxis em Platão e Aristóteles. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002, p. 49

A excelência (arete) não é nenhum conteúdo de aprendizagem (mathema), porquanto a situação de aprendizagem do que possa ser esse conteúdo não se pode concretizar em enunciados que o descrevam. A pergunta pela excelência (arete) não é feita como se faz uma pergunta por um qualquer outro conteúdo de saber. A pergunta pela excelência (arete) tem de ser levantada a partir da experiência urgente da necessidade de saber o que há a fazer, quando aparentemente todas as possibilidades de vida estão perdidas. A situação (praxis) em que nos encontramos com a necessidade de saber o que fazer não é nem a situação mais ou menos tranquila em que nos apropriamos de um qualquer conteúdo do saber (episteme) ou obtemos um qualquer bom conselho acerca do que quer que seja para nos tornarmos bons cidadãos, mas antes é uma situação na qual nada se vê, tudo é impossibilidade.