Categoria: Eudoro de Sousa
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Eudoro de Sousa: Tríptico da República
As imagens do Tríptico da República facilmente se reduzem ao esquema mais simples, uma vez traçada a linha principal que, no «Sol», separa o sensível, onde reina o astro do dia, do inteligível, onde reina a Ideia do Bem; na «Linha», o mundo das coisas, do mundo das ideias; e na «Caverna», o que se…
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Eudoro de Sousa: Alegoria da Caverna
Só para desentranhar todas as implicações destas poucas páginas da República (v. Republica-VI), necessário seria escrever um livro inteiro. Supondo que não nos tenhamos omitido de ler com a devida atenção nenhum dos mais importantes comentários que constam da bibliografia especializada, digamos, para começar, que só nos ocorre uma excepção (Fergusson) ao quase unânime parecer…
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Eudoro de Sousa: Misticismo platônico
69. E certo que mais tem sido o abuso do que o bom uso do «misticismo» platônico (sobre o misticismo em Platão, v. Cárter); mas, aqui, haveria que perguntar se o inegável misticismo dos neoplatônicos alguma vez teria entrado para a história do pensamento filosófico, se, de algum modo, Platão lhe não tivesse entreaberto as…
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Eudoro de Sousa: Os dois poemas de Empédocles
61. Durante a maior parte do longo tempo que já vem desde o início da pesquisa científica dos pré-socráticos, os dois poemas de Empédocles, o «físico» e o «catártico», foram olhados como incompatíveis, tanto quanto incompatíveis podem ser julgados um sistema puramente imanentista, no que respeita ao destino das almas inseparáveis do corpo, e um…
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Eudoro de Sousa: Empédocles
60. Parmênides teria sido o primeiro pluralista, se o seu dualismo fosse o da realidade, e não o da aparência — da aparência, pura e simples, ou da aparência da realidade: o dualismo da Luz e da Noite é questão de nomos («convenção»), e não de physis («natureza»), Empédocles institui o pluralismo na realidade, na…
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Eudoro de Sousa (HC:59) – Poema de Parmênides – Luz e Noite
59. «Sem dúvida, a deusa diz que o seu próprio sistema (da ‘Doxa‘) é ‘enganador’, o que não significa depreciação, mas advertência: não se pode equiparar o sistema das aparências ao sistema da verdadeira realidade. O aviso é tanto mais oportuno, quanto é certo haver algo de semelhante entre eles; de algum modo têm de…
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Eudoro de Sousa (HC:58) – Poema de Parmênides – Caminho
58. Parmênides percorre o caminho do Sol, no próprio carro do deus (daímonos — ver v. 3 — podia referir-se à deusa-reveladora, mas esta ainda vem longe). É uma interpretação que esclarece o sentido, e se esclarece pelo sentido de algumas passagens do «Proêmio»: o caminho «celebrado» do sol passa «por (sobre) todas as cidades»…
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Eudoro de Sousa (HC:57) – Poema de Parmênides – interpretações contextuais
57. Em primeiro lugar, falemos acerca das interpretações que não se acham necessariamente apoiadas na leitura do texto, a) A viagem de Parmênides é única, e não reiterada: o optativo ikánoi («alcance»), última palavra do primeiro verso, não é obrigatoriamente um interactivo, b) Nem o é para baixo, para o interior da terra, nem para…
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Eudoro de Sousa (HC:56) – Parmênides – Revelação do Ser
56. O Ser, conceba-se como unidade dos contrários, ou como paradigma do continuum do mundo sensível, que não deixa lugar para o nada, tinha, pois, de ser revelado. O «Proêmio» relata as circunstâncias da revelação; e o que mais desperta o nosso interesse é o facto de nele reencontrarmos a maior e melhor parte da…
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Eudoro de Sousa (HC:55) – Dialética do Poema de Parmênides
[DE SOUSA, Eudoro. Horizonte e Complementaridade. Sempre o mesmo acerca do mesmo. Lisboa, INCM, 2002, p. 98-99] 55. Por conseguinte, não é irrefutável a tese, segundo a qual a «Opinião dos Mortais» seria apenas um artifício dialéctico, e torna-se bastante verosímil que ela se situe no prolongamento da «Via da Verdade», como a verdade do…