Categoria: Górgias

  • Górgias 449a-457c — Inicia o debate entre Sócrates e Górgias

    Sócrates — Respondeste; mas ninguém te interpelou sobre o valor da arte de Górgias, porém qual seja ela e que nome, por isso, devemos dar a Górgias. Assim como respondeste antes a Querefonte, com clareza e concisão quando ele se dirigiu a ti, declara-nos agora qual é a arte de Górgias e que nome devemos…

  • Górgias 449c-455a — O que é a retórica? A começar pelo que não é.

    Sócrates — Então, comecemos. Já que te apresentas como entendido na arte da retórica e também como capaz de formar oradores: em que consiste particularmente a arte da retórica? Assim, por exemplo, a arte do tecelão se ocupa com o preparo das roupas, não é verdade? Górgias — Sim. Sócrates — E a música, com…

  • Górgias 451a-452d — O que é precisamente a retórica

    Sócrates — Cabe-te, agora, completar a resposta à pergunta que te apresentei. Uma vez que a retórica é dessas artes que se valem principalmente da palavra, e havendo outras nas mesmas condições, procura explicar agora como atinge sua finalidade por meio da palavra a arte da retórica? É como se alguém me interpelasse acerca de…

  • Górgias 452d-455a — Uma arte de persuadir uma opinião

    Sócrates — Ora bem, Górgias; imagina que tanto ele como eu te formulamos essa pergunta, e responde-nos em que consiste o que dizes ser para os homens o maior bem de que sejas o autor. Górgias — Que é, de fato, o maior bem, Sócrates, e a causa não apenas de deixar livres os homens…

  • Górgias 455a-457c — A ação da retórica

    Sócrates — Vejamos, então, que diremos com acerto sobre a retórica, pois eu mesmo não chego a compreender o que falo. Quando a cidade se reúne para escolher médicos ou construtores navais, ou qualquer outra espécie de artesãos, o orador, evidentemente, não será chamado para opinar. E fora de dúvida que em cada uma dessas…

  • Górgias 457c-461b — Sócrates dirige a investigação, definindo princípios

    Sócrates — Presumo, Górgias, que tu também já assististe a bastantes discussões, e que deves ter observado não ser fácil para os interlocutores que discorrem sobre determinado assunto defini-lo com harmonia de vistas, nem terminar a reunião com proveito para ambas as partes. Pelo contrário, havendo desacordo e incriminando um deles o opositor de ser…

  • Górgias 458e-460a — As inconsequências de Górgias

    Sócrates — Então escuta, Górgias, o que me causa admiração no que nos declaraste. E possível que estejas com a razão e que eu não tenha apreendido bem o teu pensamento. És capaz, disseste, de fazer orador de quem se dispuser a seguir tuas lições? Górgias — Sou. Sócrates — E de deixá-lo apto, sobre…

  • Górgias 460a-461b — Ação da Retórica não tem a universalidade que lhe é atribuída

    Sócrates — Basta! Falaste muito bem. Se tiveres de fazer de alguém um orador, forçosamente essa pessoa terá de conhecer o que é justo e o que é injusto, quer o tenha aprendido antes, quer aprenda depois contigo. Górgias — Perfeitamente. Sócrates — E então? Quem aprender a arte de construir é arquiteto, não é…

  • Górgias 462a-462e — Retórica como savoir-faire cuja meta é o consenso

    Sócrates — Nesse caso, tu também te colocas à disposição de qualquer pessoa para responder às perguntas que lhe aprouver dirigir-te? Polo — Perfeitamente. Sócrates — Escolhe, pois, o que quiseres: responder ou perguntar. XVII — Polo — É o que vou fazer. Então responde-me, Sócrates: já que és de parecer que Górgias não soube…

  • Górgias 462e-465e — Retórica definida como bajulação

    Sócrates — Contanto que não seja falta de educação dizer a verdade! Vacilo em declará-lo só por causa de Górgias, para que ele não pense que estou zombando de sua profissão. Se a retórica praticada por Górgias é realmente desse tipo, não saberei dizê-lo, pois em nossa recente conversação não ficou bem clara a sua…

  • Górgias 463e-465e — Alma e corpo e suas artes próprias

    Górgias — Bem, deixa isso e declara-me por que disseste que a retórica é um simulacro de uma parte da política. Sócrates — Vou tentar explicar o que a meu ver é a retórica. Se não for o que penso, o nosso Polo me refutará. Denominas alguma coisa corpo e alma? Górgias — Como não?…

  • Górgias 465e-468e — Poder do Orador

    Sócrates — É possível que minha conduta seja inconsequente, pois, tendo-te proibido discursos estirados, eu próprio me alonguei desta maneira. Porém acho que meu caso é desculpável. Enquanto me exprimi em termos curtos, não me compreendias nem sabias interpretar minhas respostas e exigias sempre explicações. Por isso, se eu também me mostrar incapaz de aproveitar…

  • Górgias 468e-481b — Sofrer a injustiça vale mais que cometê-la

    Polo — Como se tu também, Sócrates, não preferisses ter a liberdade de fazer na cidade o que bem te parecesse a não poder fazê-lo, e não tivesses inveja de quem vês matar alguém, ou privá-lo de seus bens, ou pô-lo a ferros. Sócrates — De que jeito entendes isso: com justiça ou injustamente? Polo…

  • Górgias 470b-471d — A felicidade do injusto

    Consideremos também o seguinte: Não reconhecemos que às vezes é melhor fazer tudo aquilo que dissemos: matar os outros, bani­-los, confiscar-lhes os bens, e às vezes não fazê-lo? Polo — Perfeitamente. Sócrates — Pelo que se vê, nesse ponto estamos de acordo. Polo — Sim. Sócrates — Na tua opinião, quando é melhor proceder dessa…

  • Górgias 471d-472d — A condições de uma prova válida

    Sócrates — Polo, no começo de nossa conversa, eu te elogiei por me teres dado a impressão de possuir sólidos conhecimentos de retórica, conquanto te descuidasses do diálogo. E agora, será esse o famoso argumento com que até uma criança conseguiria refutar­-me, que me deixa convencido, segundo crês, por teu raciocínio, de que eu estava…

  • Górgias 472d-474c — Não expiar sua falta é a maior infelicidade

    Sócrates — Pois afirmo que isso é impossível; nesse ponto, estamos em desacordo. Muito bem. Quem comete injustiça poderá ser feliz, na hipótese de vir a ser punido e castigado? Polo — De forma alguma, pois nesse caso seria infeliz ao máximo. Sócrates — E se porventura o criminoso não recebesse nenhuma punição, de acordo…

  • Górgias 474c-476a — Por que vale mais sofrer a injustiça que cometê-la?

    Sócrates — Nesse caso, responde-me como se só agora eu te interrogasse: Polo, que te parece pior, come ter alguma injustiça ou sofrer injustiça? Polo — Na minha opinião, sofrer injustiça. Sócrates — E agora, que é mais feio: cometer injustiça ou sofrê-la? Responde. Polo — Cometer injustiça. Sócrates — Então, por ser mais feio,…

  • Górgias 476a-478e — Por que vale mais expiar sua falta que não expiá-la?

    Passemos agora ao exame do outro ponto sobre que estávamos em desacordo: se o maior mal para quem comete injustiça é ser punido, conforme sustentas, ou escapar ao castigo, de acordo com o meu modo de pensar? Consideremos a questão da seguinte maneira: sofrer pena por alguma falta ou ser punido justamente, não te parece…

  • Górgias 478e-479e — O caso de Arquelau

    Sócrates — E não virá a ser, precisamente, quem, tendo cometido os maiores crimes e procedendo da maneira mais injusta, não é advertido, nem condenado, nem punido, como disseste que se dá com Arquelau e os tiranos em geral, os oradores e potentados? Polo — Parece que sim. Sócrates — O procedimento dessas pessoas, meu…

  • Górgias 480a-481b — Para que serve a retórica?

    Sócrates — Muito bem. Mas, se tudo isso é verdade, Polo, qual vem a ser a grande utilidade da retórica? O que é preciso, de acordo com o que assentamos até aqui, é esforçar-se ao máximo toda a gente para não cometer injustiça, pois isso acarretaria bastante mal. Ou não? Polo — Perfeitamente. Sócrates —…