Categoria: Sofista
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Platão e Aristóteles falham na questão do ser [Boutot, 1987]
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Vale a pena notar, no final desta análise da questão do ser em Platão, uma evolução na interpretação heideggeriana do pensamento platônico. Esta evolução, a que teremos de voltar, é, de fato, particularmente notória em relação à posição do problema do ser em Platão. Mas é também visível noutros lugares, e em particular através da…
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Sof 252d-253c: Segunda e terceira teses
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in SofistaEstrangeiro – E então? E se concedêssemos a todas as coisas a faculdade de se comunicarem entre si? Teeteto – Eis uma questão que eu sou capaz de resolver. Estrangeiro – De que jeito? Teeteto – Ora, porque o próprio movimento ficaria em repouso e o repouso se moveria, se ambos se reunissem. Estrangeiro –…
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Sof 242b-249d: Exposição crítica das doutrinas do Ser
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in SofistaEstrangeiro – Então, por onde devemos começar tão perigosa discussão? Quer parecer-me, filho, que seremos forçados a enveredar por este caminho. Teeteto – Qual é? Estrangeiro – Iniciar a investigação pelo que nos parece evidente, para não nos atrapalharmos nem chegarmos muito cedo a um acordo, como se tudo houvesse sido bem solucionado. Teeteto –…
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Sof 253c-254d: A função da dialética e a Filosofia
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in SofistaTeeteto – Como não haver esse conhecimento, talvez mesmo o mais importante de todos? Estrangeiro – E que nome lhe daremos, Teeteto? Por Zeus! Acaso, sem o querer, viemos bater no conhecimento do homem livre e, empenhados em encontrar o sofista, primeiro descobrimos o filósofo? Teeteto – Que queres dizer com isso? Estrangeiro – Dividir…
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Sof 242c-245e: Doutrinas relativas ao número do Ser
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in SofistaMinha impressão é que cada um nos contava uma história, como se fôssemos crianças: um dizia que os seres são três e que, por vezes, entre eles surgia briga, mas quando se tornavam amigos, então havia casamento, filhos e educação da prole. Outros falavam em dois princípios: úmido e seco, ou quente e frio, que…
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Sof 243d-244b: Doutrinas pluralistas do Ser
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in SofistaEstrangeiro – Acompanhas-me rente ao calcanhar, Teeteto. A meu ver, o método aconselhável será interrogá-los da seguinte maneira, como se eles estivessem presentes: Vejamos, vós aí, defensores da ideia de que o todo é o quente e o frio ou dois princípios semelhantes: que pretendeis, ao certo, enunciar, quando dizeis que um e outro ou…
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Sof 244b-245e: Doutrinas monistas do Ser
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in SofistaEstrangeiro – E então? Não precisaremos informar-nos junto dos que afirmam que o todo é um, qual é a propriedade que eles atribuem ao ser? Teeteto – Como não? Estrangeiro – Então, que me respondam a isto: Dizeis que só existe o Uno? É o que afirmamos, responderiam. Não é isso mesmo? Teeteto – Sim.…
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Sof 245e-249d: Doutrinas relativas à natureza do Ser
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in SofistaEstrangeiro – Estamos longe de ter esgotado o número dos pensadores meticulosos que se ocuparam com a questão do ser e do não-ser, porém o que já vimos é suficiente. Precisamos agora considerar os que defendem outras doutrinas para, no final de contas convencermo-nos de que a natureza do ser não é absolutamente mais fácil…
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Sof 246c-248a: Críticas, começando pelo materialismo
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in SofistaEstrangeiro – Dos que a fazem consistir de ideias, talvez o consigamos facilmente, por serem, de algum modo, mais tratáveis; porém dos que de viva força reduzem tudo a corpo, será muito mais difícil, senão mesmo impossível. Porém acho que com esses tais devemos proceder do seguinte modo. Teeteto – Como será? Estrangeiro – O…
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Sof 248a-248e: Crítica do idealismo
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in SofistaEstrangeiro – Passemos agora para os outros, os amigos das ideias. Interpreta-nos também o que disserem. Teeteto – Farei isso mesmo. Estrangeiro – A essência e a geração diferem, e aceitais ambas como distintas, não é isso mesmo? Teeteto – Sim. Estrangeiro – E que só participamos da geração por intermédio do corpo, como é…
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Sof 248e- 249d: Movimento, vida, pensamento, propriedades do Ser
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in SofistaEstrangeiro – Mas, por Zeus! Como poderá ser tal coisa? Teremos de admitir, assim à ligeira, que de fato o movimento, a vida, a alma, o pensamento não participam verdadeiramente do ser absoluto, e que este nem vive nem pensa, mas, venerável, sagrado e privado de inteligência, permanece imóvel? Teeteto – Fora uma concessão um…
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Sof 249d-264b: A natureza do Ser
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in SofistaEstrangeiro – E então? Não te parece que com essa definição já abarcamos muito bem o ser? Teeteto – Perfeitamente. Estrangeiro – Que pena, Teeteto! Pelo que vejo chegou a hora de termos de reconhecer quanto é ingrato nosso empreendimento. Teeteto – Como! Que queres dizer com? Estrangeiro – Pois meu bem-aventurado amigo não percebes…
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Sof 251a-251c: Relações do Uno ao Múltiplo
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in SofistaEstrangeiro – Agora digamos por que razão empregamos nomes diferentes para designar a mesma coisa. Teeteto – Em que casos? Cita um exemplo. Estrangeiro – Aplicamos ao homem as mais variadas denominações, como atribuir-lhe cor, forma, estatura, vícios e virtudes, e com todas essas conotações, e mais dez mil diferentes, não dizemos apenas que se…
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Sof 251c-253c: Três teses
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in SofistaEstrangeiro – Para que nossa investigação abranja todos os que já trataram do ser, não importando a época, fique desde já assentado que o que vamos expor sob a forma de perguntas se dirige tanto a eles como aos que agora mesmo conversaram conosco. Teeteto – Que perguntas serão? Estrangeiro – Recusemo-nos a emprestar existência…
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Sof 251e-252d: Crítica da tese da incomunicabilidade das essências
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in SofistaEstrangeiro – Então, para começar, caso estejas de acordo, admitamos haverem eles afirmado que nada tem o poder de comunicar-se de qualquer maneira seja com o que for. Nessa hipótese, o repouso e o movimento não participarão, em absoluto, do ser. Teeteto – Não, evidentemente. Estrangeiro – Mas, como! Qualquer deles poderá existir, se não…
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Sof 237b-239b: Impossibilidade de atribuir o Não-ser
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in SofistaEstrangeiro – Sem intenção de brigar nem de pilheriar, mas se algum dos ouvintes se visse na contingência de refletir a que se deve aplicar a expressão Não-ser, teremos de acreditar que ele saberia indicar o objeto adequado e mostrá-lo ao seu interlocutor? Teeteto – Para um espírito como o meu, trata-se de uma pergunta…
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Sof 254d-256d: Cinco gêneros primeiros irredutíveis.
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in SofistaEstrangeiro – Ora, os mais importantes gêneros entre os que acabamos de considerar são o próprio ser, o repouso e o movimento. Teeteto – Sem dúvida, da maior importância. Estrangeiro – Como diremos, também, que os dois últimos absolutamente não se misturam. Teeteto – De forma alguma. Estrangeiro – Porém o ser se mistura com…
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Sof 257b-258b: O Outro, não ser do Ser, mas não uma negação absoluta
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in SofistaEstrangeiro – Consideremos também o seguinte. Teeteto – Que será? Estrangeiro – Sempre que nos referimos ao não-ser, não temos em vista, como parece, o oposto do ser, porém algo diferente. Teeteto – De que jeito? Estrangeiro – Quando falamos de algo não grande, achas que nos referimos mais ao pequeno do que ao igual?…
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Sof 255b-256d: A noção de “Outro”
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in SofistaEstrangeiro – Porém vais concordar agora, me parece, que entre os seres alguns são considerados em si mesmos e outros sempre em suas relações recíprocas. Teeteto – Como não? Estrangeiro – Como o outro sempre está em relação com outro. Teeteto – Certo. Estrangeiro – O que não se daria, se o ser e o…
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Sof 256d-259b: O Outro, não-ser do Ser
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in SofistaEstrangeiro – A esse modo, com toda a segurança, não é ser o movimento, como também é ser, visto participar da existência. Teeteto – Certíssimo. Estrangeiro – De onde fica também certo, necessariamente, que o não-ser está no movimento e em todos os gêneros, pois a natureza do outro, entrando em tudo o mais, deixa…