Ceticismo

É, sobretudo na Antiguidade que o ceticismo pode ser encontrado. Seu fundador é Pirro de Élis (360-270 a.C.). Segundo ele, não ocorre contato entre sujeito e objeto.

A apreensão do objeto é vedada à consciência cognoscente. Não há conhecimento. De dois juízos contraditórios, um é exatamente tão verdadeiro quanto o outro. Isso representa uma negação das leis lógicas do pensamento, em especial do princípio de contradição. Como não há juízo ou conhecimento verdadeiro, Pirro recomenda a suspensão do juízo, a epokhé.

Não tão radical quanto este ceticismo antigo ou pirrônico é o ceticismo médio ou acadêmico de Arcesilau (241 a.C.) e Carnéades (129 a.C.). Um conhecimento no sentido estrito, segundo eles, é impossível. Sendo assim, não devo mais dizer que esta ou aquela proposição é verdadeira, mas sim que parece ser verdadeira, que é verossímil.

Portanto, não há certeza no sentido estrito, mas apenas verossimilhança. Este ceticismo médio distingue-se do antigo exatamente por estabelecer a possibilidade de se chegar a uma opinião verossímil.

O ceticismo mais recente, cujos principais representantes são Enesidemo (séc. I a.C.) e Sexto Empírico (séc. II d.C.), envereda novamente pelo caminho do ceticismo pirrônico.

O ceticismo também pode ser encontrado na filosofia moderna. O que encontramos aqui, porém, é um ceticismo mais específico e não aquele outro, radical e absoluto.

No filósofo francês Montaigne (1592), deparamos com um ceticismo, sobretudo ético; em Hume, com um ceticismo metafísico. Em Bayle tampouco encontraremos um ceticismo no sentido de Pirro, mas, no máximo, no sentido do ceticismo médio. Em Descartes, que proclama os direitos da dúvida metódica, temos um ceticismo metódico e não de princípio.