Comentários de Werner Jaeger, ao Filebo

O Filebo é dentre as obras de Platão aquela em que se investiga de forma mais sistemática o problema aqui proposto: se é o prazer ou a razão o bem supremo. Mas nem sequer ali se chega no fim a qualquer definição do que é o Bem. O que se faz é apenas deduzir três das suas características: a beleza, a simetria e a verdade22, para à luz destes critérios decidir-se qual dois dois — o prazer ou a razão — se aproxima mais relativamente do Bem. (Werner Jaeger, PAIDEIA)


Segundo a doutrina do Filebo, tanto o prazer como o conhecimento racional se encerram, misturados na devida proporção, no autêntico “bem humano” para que ambos tendem”. Mas nem o prazer nem a razão são, em si, o que há de supremo. (Werner Jaeger, PAIDEIA)


Já na velhice Platão escreveu um diálogo, o Filebo, onde Sócrates aparece como figura central, apesar de nas demais obras da velhice, nos chamados diálogos dialéticos, o Parmênides, o Sofista e o Político, e no diálogo sobre a filosofia da natureza intitulado Timeu, Sócrates desempenhar um papel secundário e ser nas Leis substituído pela figura do estrangeiro ateniense. Platão pôde permitir-se fazer esta exceção no Filebo porque o tema ético do diálogo era um tema socrático, embora o modo como aparecia tratado se afastasse consideravelmente do jeito dialético de Sócrates. Algo parecido acontece também com o Fedro, de cujas origens se fala adiante, liv. IV, cap. VIII. (Werner Jaeger, PAIDEIA)