====== Enéada I, 3 (20) 5 – Origem e valor da dialética. ====== – Mas de onde a dialética obtém seus princípios? – É o Intelecto que dá princípios evidentes, contanto que a alma possa recebê-los. Em seguida, ela reúne, liga e divide, até que chegue ao Intelecto perfeito. Platão diz, de fato, que a dialética «é o que há de mais puro no intelecto e na reflexão». Assim, de toda necessidade, já que é a disposição mais preciosa entre as que se encontram em nós, ela concerne o ser e o que há de mais precioso. Como reflexão, ela trata do ser e como intelecto, ela trata do que está além do ser. – Mas o quê? A filosofia é o que há de mais precioso? É a mesma coisa que filosofia e dialética? A dialética é uma parte da filosofia, sua parte preciosa? – Sem dúvida, não se deve pensar que ela seja um simples instrumento para o filósofo . Ela não consiste em saberes que não têm nenhuma relação com a matéria nem em regras; mas ela trata de realidades e sua matéria, por assim dizer, são os seres. É com método, portanto, que ela se aproxima deles e que ela apreende as realidades ao mesmo tempo que os saberes. Ela só conhece o erro e o sofisma por acidente, e como o fato de outro, considerando o erro como algo exterior às verdades que se encontram nela, reconhecendo, quando lhe é apresentado, o que é contrário à regra do verdadeiro. Ela não sabe nada sobre a proposição – pois são apenas letras – mas é conhecendo a verdade que ela conhece o que se chama «proposição». E de uma maneira geral ela conhece as operações da alma: o que a alma afirma e o que ela nega, e se o que ela nega é o que ela afirma ou outra coisa, e se são coisas diferentes ou as mesmas coisas que ela afirma ou nega. As realidades que lhe são submetidas, ela as aplica em um ato de intuição como faz a sensação, mas ela confia a outra disciplina o cuidado de estudá-las minuciosamente.