====== Enéada VI, 2, 15 — Eliminar outros gêneros: a qualidade ====== – Como então os quatro gêneros completam a realidade mesmo que não a tornem ainda uma realidade qualificada? Pois nem sequer a tornam uma realidade particular. – Disse-se, é claro, que o ser é um gênero primeiro, e é claro que não será diferente para o movimento ou para o repouso, para o outro ou para o mesmo. É sem dúvida manifesto que esse movimento não produz a qualidade, mas a coisa será mais clara se adicionarmos uma explicação. Pois se é verdade que o movimento é o ato da realidade, e se é verdade que o ser é um ato, assim como são os gêneros primeiros em geral, então o movimento não será um acidente, mas, sendo o ato de algo que está em ato, não poderá mais ser dito complemento da realidade, mas será a própria realidade. Sendo assim, o movimento não se reduz a algo posterior nem a uma qualidade do ser, mas deve ser considerado como simultâneo. Pois não é verdade que o ser seja, e depois que seja movido, nem que seja, e depois que esteja em repouso, nem, finalmente, que o repouso seja uma afeição. O mesmo e o outro tampouco vêm depois, porque não é depois que o ser se tornou várias coisas, mas ele era o que é «uno-múltiplo». Ora, se ele é múltiplo, ele é também alteridade. E se ele é «uno-múltiplo», ele é também identidade. E esses quatro gêneros bastam à realidade. E quando se avança para o que está embaixo, então aparecem as outras coisas que não produzem mais a realidade, mas a realidade qualificada e a realidade quantificada; é então que devem aparecer os gêneros que não são primeiros.