====== Fantasia ====== RSS1 A palavra //phantasia// (da qual derivaram //fantasia// e //fancy//) está ligada ao verbo //phainesthai//, que significa “aparecer”. Acredito que, no primeiro período "helenístico", "aparência" destaca mais frequentemente seu significado do que qualquer outra tradução, incluindo a aparência de que algo é o caso. É porque a aparência pode assumir a forma de imaginação ou de entretenimento de imagens mentais que //phantasia// também pode se referir a essas atividades ou à capacidade delas. Mas, este capítulo sugerirá que, nos séculos após Cristo, à medida que o Platonismo e o Neopitagorismo avançavam, //phantasia// assumiu cada vez mais funções da imaginação. Platão transformou //phantasia// em //doxa// junto com a percepção sensorial (//Sophista// 263E-264D; //República// 603A). Aristóteles distinguiu //doxa// como sendo algo que exige convicção (//pistis//) e, portanto, razão (//logos//). Os estoicos ofereceram uma distinção diferente, afirmando que o juízo (//krisis//) e a //doxa// envolvem a concessão de assentimento (//synkatathesis//) da razão à aparência. Alexandre adota a perspectiva estoica, apresentando esta como sua visão. Aristóteles atribui a //phantasia// à faculdade perceptiva, mesmo (//Sobre a Memória// 1, 450a12-14) quando ela é usada para lembrar inteligíveis. Mas Plotino distingue duas faculdades de //phantasia//, uma voltada para os sensíveis e outra para os inteligíveis. É dessa forma que //phantasia// pode ser responsabilizada, //Plotino 4.3 30//, por nossa consciência tanto dos pensamentos quanto das percepções. O neoplatonista Plutarco de Atenas também distinguiu dois tipos de //phantasia//, que são descritos como um lado superior e um lado inferior de uma única //phantasia//. Dillon chama atenção para alguns dos motivos de Plotino para postular uma //phantasia// superior. Um dos motivos é que a alma racional desencarnada, que não ascendeu tão alto quanto o mundo inteligível, precisará de alguma memória de sua vida terrena. Mas outro motivo, Dillon sugere, é que a alma encarnada, ao raciocinar sobre o mundo inteligível, precisa fazer uso das analogias imaginativas e dos experimentos de pensamento nos quais Plotino é tão hábil. Para os dois tipos de //phantasia//, veja também //Plotino 3.6 4 (18-23)//.