====== Memória e imaginação ====== Plotino, //4.3 31 (1-20)// Mas se a memória pertence à faculdade imaginativa (//phantastikon//), e se ambas as partes da alma foram ditas como possuidoras de memória, então há duas faculdades imaginativas. Assim, quando as duas partes da alma estão separadas, ambas devem ter uma faculdade imaginativa; mas quando as duas partes estão fundidas em nós, de que maneira as duas existem, e em qual delas a memória pode ser encontrada? Se estiver em ambas, então as imagens sempre serão duplas, pois não pode ser o caso de que uma faculdade em uma parte da alma lide com inteligíveis, e a outra, na outra parte, com sensíveis; pois, se assim fosse, haveria duas criaturas vivas totalmente distintas, sem nenhuma relação entre si. Se estiver em ambas, então qual é a diferença, e por que não estamos cientes disso? A resposta é que, quando as duas partes da alma estão em harmonia, as faculdades imaginativas não estão separadas, e a da parte superior da alma está no controle; então, a imagem se torna uma única, como se a inferior fosse uma sombra da outra, ou como se uma luz mais fraca se insinuasse em uma mais forte. Mas quando há dissonância e discórdia, a parte inferior da alma claramente assume o controle de si mesma, mas não percebe que está isolada e que a alma tem uma natureza dupla. Pois as duas partes estão unidas em uma unidade, e a parte superior cavalga sobre a outra, de modo que vê tudo; quando desmonta, retém algumas das imagens que pertencem à parte inferior, mas rejeita outras. É como quando mudamos da companhia de amigos inferiores para a de amigos mais nobres; lembramos pouco de nossos antigos companheiros e mais dos novos.