Para eles, é preciso que as qualidades sejam diferentes dos substratos, e é o que eles dizem. Se não fosse o caso, eles não as contariam como um segundo gênero. Sendo assim, já que são diferentes dos substratos, é preciso que elas sejam simples também. Nesse caso, elas não são compostos. E elas não devem, portanto, ter matéria, na medida em que são qualidades. Além disso, elas devem ser incorpóreas e ativas. A matéria é, de fato, o substrato que elas afetam. Se são compostos, essa divisão é absurda, primeiro porque associa, opondo-as, coisas simples e coisas compostas, e as reduz a um gênero único, e depois porque uma das espécies compreende a outra: é como se se dividisse a ciência em estudos literários de um lado e em estudos literários com outra coisa de outro lado. Se eles dizem que as qualidades são a matéria qualificada, então suas « razões » serão, em primeiro lugar, razões que se encontram na matéria e, uma vez na matéria, elas não produzirão algo composto, mas serão um composto de matéria e forma, anterior ao composto que elas produzem. Não serão, portanto, elas mesmas formas nem mesmo razões: Mas se eles dizem que as « razões » não são nada mais que a matéria disposta de certa maneira, eles dirão, a coisa é clara, que as qualidades são modos de ser e será preciso colocá-las no terceiro gênero. – Mas é esse outro estado, e em que consiste a diferença? – Nesse caso, é claro que o modo de ser é mais existência. De fato, se esse terceiro gênero não possui também a existência, por que o contam como um gênero único ou uma espécie única? Pois, claro, não se pode colocar sob o mesmo gênero o que é e o que não é. – Mas o que é essa maneira de ser que se impõe à matéria? – É um ser ou um não-ser. Se é um ser, ela é completamente incorpórea. Se não é um ser, é uma expressão vazia; só há a matéria, e a qualidade não é nada. E a maneira de ser não é nada tampouco; ela é ainda mais não-ser. E o quarto gênero mencionado é ainda muito mais. Assim, o único ser é a matéria. – Quem, então, pretende isso? – Não pode ser a própria matéria. Mas se não é ela, é, portanto, o intelecto que é uma certa maneira de ser da matéria. Ora, « maneira de ser » é um acréscimo vazio. É, portanto, a matéria que diz isso e que o concebe. E se o que ela dissesse fosse sensato, seria estranho constatar que ela age por intelecção e que ela cumpre as atividades da alma, enquanto ela não possui nem intelecto nem alma. Se, ao contrário, o que ela diz é insensato, apresentando-se como o que ela não é e o que ela não pode ser, a quem é preciso reportar essa fala insensata? A ela, sem dúvida. Mas na realidade ela não fala, mesmo que aquele que fala assim deva muito do que ele diz à matéria, à qual ele pertence por inteiro. Mesmo que ele possua uma pequena parte de alma, ele fala ignorando-se a si mesmo e desconhecendo a faculdade que o torna capaz de dizer a verdade sobre tais assuntos.