Enéada VI, 2, 5 — Partir da unidade e da multiplicidade da alma

Mas é preciso primeiro colocar isso na mente: uma vez que cada um dos corpos, os dos animais e das plantas, por exemplo, é múltiplo em razão das cores, das figuras, das grandezas e das formas de suas partes, e que um se encontra em um lugar e o outro em outro, embora, no entanto, todos provenham de uma unidade, eles devem provir ou de uma unidade que é absolutamente uma , ou de uma unidade que é mais uma do que o que dela provém. Disso resulta, portanto, que a unidade tem mais realidade do que o que se torna, pois quanto mais se está longe da unidade, mais se está longe do ser. Assim, uma vez que os corpos provêm de uma unidade, mas não de uma unidade que é absolutamente uma ou que é o Um em si – pois este último não produziria uma multiplicidade descontínua –, resta apenas esta possibilidade: os corpos provêm de uma unidade múltipla. Ora, o que os produz é a alma. A alma é, portanto, uma unidade múltipla. – Pois bem, essa multiplicidade, são as «razões» das coisas que advêm? Ou essa multiplicidade é uma coisa, e as «razões» outra? – A alma é a «razão», a soma das «razões», e as «razões» constituem sua atividade, quando ela é ativa conforme sua realidade; e sua realidade é a potência das «razões». Assim, sua ação sobre as outras coisas bem mostrou que essa unidade era múltipla. – Mas o que aconteceria se ela não produzisse? Se a considerássemos como não produzindo, remontando ao que nela não produz? – Mesmo aí, não se descobririam potências múltiplas? Todo mundo admite que a alma é. Mas ser, para ela, é a mesma coisa que ser para a pedra? – Não, não é a mesma coisa. – Mas no caso da pedra também, ser não é apenas ser, mas é o ser-pedra. Da mesma forma aqui, ser para a alma compreende o ser e conjuntamente o ser alma. – Será então que o ser é uma coisa, e o ser-alma outra coisa que contribui para aperfeiçoar a realidade da alma? Há de um lado o ser, e do outro uma diferença que produz a alma? – Não, a alma é de fato um ser particular, mas certamente não no sentido em que se diz que o homem é branco, mas apenas à maneira de uma realidade particular. Isso equivale a dizer que o que ela tem não lhe vem do exterior de sua realidade.