E o movimento que afeta as coisas sensíveis vem de outro; ele sacode, afasta, desperta e empurra as coisas que dele participam, para evitar que adormeçam e que permaneçam na identidade, e para que se mantenham juntas nessa inquietação e, por assim dizer, nesse afã que é uma imagem da vida. Mas não se deve crer que as coisas em movimento são o movimento. A marcha, de fato, não são os pés, mas é o ato que, nos pés, vem de uma potência. Ora, como essa potência não se vê, forçosamente só se veem os pés que estão em ato; não os pés sem mais, como se estivessem imóveis, mas os pés que já estão com outra coisa, que, mesmo que permaneça invisível, pode, por se encontrar com outra coisa, ser vista por acidente quando se olham os pés que vão de um lugar a outro, sem parar. A alteração se vê no que se altera, porque a qualidade não permanece a mesma. – Mas então, em que reside o movimento, quando ele move outra coisa, e quando ele passa da potência que está nela ao ato? É no que move? Então como o que é movido, e, portanto, afetado, tem parte nisso? É, ao contrário, no que é movido? Então, por que o movimento não permanece ali uma vez que está ali? – É que ele não deve nem ser separado do agente, nem se encontrar nele, mas deve ir do agente para o que é movido; e deve se encontrar no que é movido sem ser cortado dele; de fato, ele vai de um para o outro, como faz um sopro que vai para outra coisa. Dito isso, quando a potência de se mover é a de andar, ela «empurra», por assim dizer, e provoca uma mudança incessante de lugar; quando é a de aquecer, ela aquece. E cada vez que a potência toma matéria e a organiza para dela fazer uma coisa sensível, é o crescimento. Em contrapartida, cada vez que outra potência subtrai algo, é a diminuição que intervém no que tem a potência de sofrer uma diminuição. E cada vez que a natureza que engendra entra em ato, é a geração, e cada vez, ao contrário, que a natureza que engendra está na incapacidade de agir e que prevalece a potência de corromper, é a corrupção, não aquela que intervém no que já é gerado, mas aquela que intervém no que está a caminho da geração. E o mesmo ocorre com a cura, quando o que tem a potência de produzir a saúde está em ato e ela prevalece; a potência contrária produz efeitos contrários. Sendo assim, não é somente das coisas nas quais se encontra, mas do que vem e através do que age, que depende essa propriedade do movimento de ter tal ou qual característica própria em tais ou quais circunstâncias.