elenchos (Brisson)

A estrutura lógica da refutação foi bem analisada por Gregory Vlastos, seguida por um grande número de comentadores que seria fastidioso apresentar. O respondente, no caso, defende uma tese que se torna o alvo da refutação (elenchos). Em seguida, Sócrates conduz o respondente a lhe acordar proposições que são aceitas sem discussão, mas que vão contradizer a tese que sustentava. Estas conclusões admitidas, Sócrates mostra que estas proposições levam à negação da tese defendida no ponto de partida. Questiona-se sobre a questão de saber se, em revelando, que sobre um mesmo assunto, um respondente deu respostas contraditórias, ou demonstrou que as opiniões do respondente eram falsas, o que para Sócrates não parece de modo algum causar dúvidas. Só fica assim que estas respostas contraditórias denunciam a ignorância do respondente.

É por este viés que a dimensão lógica da refutação está subordinada a sua finalidade moral, como bem evidenciou Louis-André Dorion, Sócrates não pratica a refutação pelo prazer de refutar e logo de envergonhar o respondente, mas para tornar, por este sentimento de vergonha, seu interlocutor melhor. É isso que não compreenderam os cidadãos de Atenas, como faz notar Sócrates ele mesmo, depois de ter evocado as refutações que fez aos homens políticos, aos poetas e àqueles que trabalhavam com suas mãos: «É precisamente esta investigação, atenienses, que me valeu inimizades tão numerosas que apresentavam uma virulência e uma gravidade de uma tal importância que suscitaram muitas calúnias e me valeram de me ver atribuir este nome de “sábio”» (Apologia de Sócrates 22e6-23-a3).