Intentio

A desmaterialização do processo sensorial (v. Sensório) incentivou a ideia encontrada em Avicena e Averróis de um objeto intencional da percepção (em árabe ma'na, traduzido para o latim medieval como intentio). Filopono (em De Anima 309,15-29; 438,32-433,11; 438,6-15) e “Simplício” (em De Anima 125,21-3; 167,1-11) defendem que a recepção da forma na teoria da percepção de Aristóteles é uma recepção meramente cognitiva (gnostikos), e Alexandre já nega, em De Anima 62,1-5 (cf. Quaestio 3.9), que ela envolva a gelatina do olho assumir cores. Sua razão é física, a necessidade de evitar colisões de cores. Muitas outras considerações físicas foram levantadas ao comparar os diferentes graus de corporeidade dos diferentes sentidos. Essas considerações físicas foram exploradas por Averróis, Alberto Magno, Tomás de Aquino e outros ao atribuir um objeto intencional à percepção. Passagens relevantes foram traduzidas do latim no artigo de Sorabji em Oxford Studies in Ancient Philosophy, supp. vol. 1991. Em Lógica e Metafísica 15 (RSS2), as formas dos perceptíveis serão contrastadas com os objetos do pensamento intelectual (noûs). Os neoplatônicos tratam estes últimos como reais, não intencionais. Como Victor Caston demonstrou, escritores latinos, notadamente Agostinho, ao descrever atos mentais em geral em Sobre a Trindade, especialmente no Livro II (obra posteriormente traduzida para o grego bizantino), e Calcídio, ao descrever as teorias perceptivas de Heráclito e dos estoicos (em Tim. 237 Waszink), usam o termo intentio. Mas ele tem um significado diferente, a saber, atenção (ou investigação), não objeto intencional.