Extratos traduzidos de Jérôme Laurent, Les Fondements de la Nature selon Plotin.
O pensamento de Plotino soube dar um quadro metafísico para resolver as aporias ligadas à existência do corpo. Por um lado a alma é pensada como uma forma fazendo parte do inteligível, por outro, o corpo é explicado por uma análise complexa da Natureza e da Providência. A teoria da participação do sensível nas formas é completada por aquela de uma processão da vida. Plotino logo não conservou a Participação senão como um vestígio do platonismo clássico? Esta teria não é inútil quando a doutrina das três hipóstases e aquela da Processão parecem suficientes para explicar o mundo sensível? O interesse do pensamento religioso pela filosofia de Plotino teve frequentemente tendência a dissimular certos aspectos da obra. Assim a noção de conversão pode ocultar o papel da Participação.
Do Uno à matéria a Participação, segundo modalidades diferentes, duplica portanto a Processão. O vocabulário da Participação é onipresente nas Enéadas: metalepsis 16 vezes, e metalambanein mais de 60, methexis somente cinco vezes, mas metekhein mais de 60. Da mesma maneira a cópia que corresponde a esta relação é designada como indalma (20 vezes), memema (22 vezes), eikon (mais de 40 vezes) e sobretudo eidolon (uma centena de vezes). A tensão entre Participação e Processão não é uma contradição nas Enéadas, mas de fato uma das forças de seu pensamento. Posto que em participando as formas o sensível esta em relação com a essência, dois movimentos podem ser opostos, um de Participação, o outro de Processão.