Música

O “Amigo das Musas” (gr. mousikos) é aquele que se eleva para o Uno-Bem, segundo Plotino, por sua sensibilidade aos sons harmoniosos e, mais geralmente, às belas coisas.

Gandillac, também nos lembra que, sem ver “aquilo que os move e os faz falar”, os “inspirados” e os “possuídos” experimentam pelo menos algum sentimento (Tratado-49). À semelhança do jovem amante que retira sua bem-amada da casa paternal, o belo sensível nos seduz e, pela graça das Musas, nos chama a uma etapa ulterior da ascensão, mas este útil servidor não é senão o intermediário que ele mesmo, até o final, “tem necessidade do Bem e do qual jamais o Bem ele mesmo não tem qualquer necessidade” (Eneada-V, 4, 12). Além das aproximações fenomenais, é portanto o Uno-Bem que — fonte de todo o desejo, patente ou latente — através das emoções estéticas onde se misturam prazer e dor, se torna de algum modo presente à alma.