Nervos e Cérebro (Filopono)
Philoponus in De Anima, tr. Hugh Lawson-Tancred
Nosso ponto de vista, então, é que o pneuma óptico realmente parte do cérebro através do nervo óptico e, assim, alcança a lente cristalina, tendo ali seu destino.
Assim como o fluido da kore é colocado à frente para que possamos apreender os visíveis por meio dele (e por kore entende-se não a abertura na membrana coróide, pois os fluidos são mais internos do que isso, mas o canal do nervo óptico, através do qual o pneuma óptico é emitido), da mesma forma o ar inato do órgão acústico é colocado à frente.
E todos os sentidos irradiam o cérebro. Pois o poder da percepção é fornecido a partir dele para os órgãos sensoriais através dos nervos, e quando ele é lesionado, os sentidos tornam-se inativos, como os médicos demonstram. Pois, quando o que é chamado de protetor é colocado sobre a meninge, o animal torna-se inconsciente e imóvel (a meninge é a membrana que protege o cérebro); e quando a parte dorsal é lesionada, a parte superior do sujeito mantém a percepção, enquanto a sensação desaparece nas partes inferiores, porque o poder da percepção já não é mais fornecido a partir do cérebro, visto que o órgão, isto é, o nervo, foi danificado. E se o nervo fosse amarrado, a sensação também desapareceria na parte inferior, mas permaneceria na parte superior.
