Proclus, Teologia Platônica, tr. Jan Opsomer

Em resumo, as três características que completam os seres divinos e que se manifestam em todas as formas divinas são a bondade, a sabedoria e a beleza. Três outras características, que reúnem os seres (divinos) que estão sendo preenchidos (pela primeira tríade), são secundárias em relação às características superiores, mas permeiam todos os mundos divinos. São elas a fé, a verdade e o amor. Tudo é salvo por meio delas e está conectado às causas primordiais, algumas por meio da loucura erótica, outras por meio da filosofia divina, outras por meio do poder teúrgico, que é melhor do que qualquer sabedoria e ciência humanas e combina as bênçãos da adivinhação e os poderes catárticos das performances dos ritos e simplesmente todas as realizações da possessão divina.

Proclus em Crat., tr. Jan Opsomer

Não é possível nomear toda a raça dos deuses. Ninguém além de Parmênides nos lembrou que Aquele que está além dos seres como um todo é inefável. Diz ele que não há nomes para Ele, nem qualquer relato. Dos deuses inteligíveis, os primeiros tipos, que estão unidos ao Uno e são chamados ocultos, têm um alto grau de incognoscibilidade e inefabilidade. Pois o completamente inefável não faz fronteira com o que é inteiramente aparente e efável. Não, era necessário que a procissão dos inteligíveis terminasse na última ordem. É aí que se situa a primeira coisa que é efável e pode ser chamada por nomes próprios. Pois também ali, de acordo com as primeiras formas, brilhou a natureza intelectiva dos inteligíveis. Tudo o que precede isso é silencioso e oculto e só pode ser conhecido pela intuição (noesis). E é por isso que toda a arte dos ritos telésticos (telestike) ascende até essa ordem, operando de maneira teúrgica. De fato, Orfeu também diz que essa ordem é a primeira a ser chamada pelo nome pelos outros deuses, pois a luz que dela emana a revela aos deuses intelectuais, tornando-a conhecível e nomeável para eles.

Alguns caracterizam o lugar supracelestial, para o qual também Ouranos estende sua própria vida intelectiva, com símbolos inefáveis, enquanto outros, embora tenham lhe dado um nome, tiveram que deixá-lo (na verdade) incognoscível, completamente incapazes de nomear um gênero, figura ou forma para ele. Indo ainda mais além deste nível, eles foram capazes de designar apenas pelo nome o limite dos deuses inteligíveis, enquanto que os seres além disso são apenas indicados por analogia, pois são inefáveis e incompreensíveis. Isto porque, mesmo no nível dos próprios inteligíveis, de todos os deuses, apenas aquele que encerra o mundo dos pais é considerado nomeável entre os sábios, e a teurgia ascende até este nível.