Enéada VI, 1, 17 — O agir e o padecer
Mas se alguém dissesse que nem o ato nem o movimento precisam em si mesmos de um gênero, mas que podem ser reduzidos ao relativo em razão do fato de que um é o ato de um substrato ativo em potência, enquanto o outro é o ato de um motor em potência enquanto motor, seria preciso responder que é a relação que, dissemos, engendra os relativos, e que os relativos não são o que são pelo simples fato de serem no discurso postos em relação com outra coisa. Quando uma coisa existe, mesmo que seja o que é em função de outra coisa e em relação com outra coisa, é anteriormente a toda relação que ela possui sua natureza. Mesmo que pertençam a outra coisa, o ato, o movimento e o estado não deixam de ser e de ser pensados em si mesmos antes de toda relação. Caso contrário, haverá apenas relativos. Pois absolutamente tudo tem uma relação com outra coisa, como é o caso da alma. – Por que não reduzir a própria ação e o agir ao relativo, já que, em todos os casos, trata-se de um movimento ou de um ato? – Mas se os peripatéticos reduzem a ação ao relativo, ao mesmo tempo em que postulam que o agir é um gênero único, por que não reduzem também o movimento ao relativo ao mesmo tempo em que fazem do fato de ser movido um gênero único, e não dividem o fato de ser movido em dois, dizendo que este gênero único compreende estas duas espécies que são o agir e o padecer, em vez de dizer, como fazem agora, que o agir é um gênero e que o padecer é outro?
