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Enéada VI, 1, 23 — O ter

Quanto ao ter, se o ter se entende em vários sentidos, por que não fazer entrar nessa categoria todas as sortes de ter? Nesse caso, será preciso fazer entrar aí a quantidade, pois ela tem uma grandeza, e a qualidade, pois ela tem uma cor, e o pai (e o que desempenha esse papel), pois ele tem um filho, e o filho porque ele tem um pai, e em geral as posses. E se, colocando as outras posses nessas categorias, enquanto se coloca no ter apenas as armas, os sapatos e o que o corpo veste, será preciso primeiro perguntar por que se faz isso. É preciso também perguntar por que ter essas coisas constitui uma única categoria, enquanto queimá-las, cortá-las, enterrá-las ou perdê-las não constituem outra categoria ou mesmo várias outras? Mas se é porque são portadas ao redor do corpo, então haverá uma categoria, se um manto é estendido sobre uma cama, e outra se alguém se envolve nele? Além disso, se « ter » se toma no sentido de posse e de estado, é claro mais uma vez que todas as outras coisas de que se fala sob o aspecto do ter devem ser reduzidas à categoria do estado, pouco importa o estado, pois a diferença não dependerá do que é possuído. Se, portanto, não se deve dizer « ter uma qualidade », porque a categoria da qualidade já foi mencionada, « ter uma quantidade », porque a categoria da quantidade já foi mencionada, « ter partes », pois a categoria da realidade já foi mencionada, por que se poderia dizer « ter armas », enquanto a categoria da realidade, na qual elas se encontram, já foi mencionada, pois o sapato e as armas estão na categoria da realidade. E como de forma geral explicar que a proposição « tal homem tem armas » deve ser tida por simples e pertence a uma única categoria? Isso significa de fato estar armado. Em seguida, é preciso perguntar se essa proposição se diz apenas de um ser vivo, ou se ela se diz também de uma estátua que tem armas. Pois não é da mesma maneira que o homem e a estátua parecem « ter » armas, e sem dúvida não no mesmo sentido, pois da mesma forma, « estar de pé » não tem o mesmo sentido em um e outro caso. Finalmente, é preciso também perguntar se é razoável fazer uma nova categoria e um novo gênero para o que se encontra em um pequeno número de casos.

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