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Enéada VI, 1, 3 – A realidade

Deve-se então falar de uma única categoria na qual agrupemos juntos a substância inteligível, a matéria, a forma e o composto de ambas, no sentido em que se pode falar de uma única linhagem dos Heráclidas, não como predicado comum a todos, mas porque todos descendem de um único antepassado? Pois a substância inteligível é substância em sentido primário, as demais, em sentido secundário e em menor grau.

— Mas então, o que impede que todas as coisas constituam uma única categoria, já que todas as outras coisas das quais se predica o ser derivam também da substância?

— É que aquelas outras coisas são afecções da substância, enquanto as substâncias derivam de outro modo: por consecução.

— Mesmo assim, ainda não nos é possível basear-nos na substância nem captar sua característica mais importante para daí captar as demais substâncias. No entanto, concedamos que todas as chamadas “substâncias” pertencem a um mesmo gênero, pois concordam numa nota comum distinta dos demais gêneros. Segundo isso, o que significa dizer que a substância é uma “quididade” e um “isto”, e que “subjaz” e não sobrejaz, nem está em outro como em um sujeito, nem é o que é por ser de outro, como a brancura é qualidade de um corpo, e a quantidade é algo da substância, e o tempo é algo do movimento e o movimento é algo do móvel? A substância segunda, porém, predica-se de outro.

— Sim, mas o “predicar-se de outro” diz-se aqui em sentido distinto, ou seja, como gênero constitutivo e constitutivo à maneira de parte e como a “quididade” daquele outro, enquanto a brancura predica-se de outro porque está em outro.

— Mas estas chamaríamos propriedades relativas a outro, e por isso cabe unir e chamar substâncias àquelas coisas, mas não se pode falar de um único gênero nem esclarecer com isso ainda o conceito e a natureza da substância.

Fique pois aqui bem assentado isto e passemos à natureza da quantidade.

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