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Enéada VI, 1, 30 — Categorias Estoicas: A maneira de ser. A relação.

Quanto aos modos de ser, é sem dúvida absurdo colocar em terceiro lugar ou em qualquer outro lugar as coisas que são de certa maneira, pois todas as coisas são modos de ser em relação à matéria. Mas os estoicos dirão que há uma diferença entre os modos de ser, pois é uma coisa para a matéria ser de tal ou qual maneira, e outra para as coisas que têm tal ou qual modo de ser; além disso, mesmo que as qualidades sejam modos de ser da matéria, as coisas que são especificamente modos de ser são tais relativamente às qualidades. Mas como as próprias qualidades não são nada além de modos de ser da matéria, os modos de ser segundo os estoicos se reduzem à matéria, e elas são tais em função da matéria. Além disso, como fazer dos modos de ser um gênero único, enquanto há neles um grande número de diferenças? Como colocar « três côvados de comprimento » e « branco » em um gênero único, enquanto o primeiro pertence à quantidade, e o segundo à qualidade? E o que ocorre com o « quando » e o « onde »? Como « ontem », « ano passado », no « Liceu » e na « Academia » serão juntos modos de ser? E de forma geral, em que sentido o tempo é um modo de ser? Pois nem o tempo o é, nem o que está no próprio tempo, nem o que está em um lugar nem o lugar. E o agir, em que sentido é um modo de ser? De fato, aquele que age não é um modo, mas é preciso dizer que ele age de certa maneira; e, em geral, não se diz que ele age de certa maneira, mas apenas que ele age. Aquele que padece não é tampouco um modo de ser, e se diz antes que ele padece, ou em geral que ele padece de tal ou qual forma. Mas pode ser que « modo de ser » só convenha às categorias « estar situado » e « ter ». Mas é preciso reconhecer que « ter » não entra na categoria do « modo de ser » mas na do « ter ». Quanto à maneira de ser relativa, se eles não a fizessem entrar em um único e mesmo gênero, com as outras categorias, seria preciso, além disso, perguntar se eles conferem uma existência qualquer às relações que esse termo designa, visto que frequentemente não o fazem. Além disso, é absurdo colocar no mesmo gênero ao mesmo tempo o que sobrevém a seres que já existem e esses seres que estão lá antes. É preciso, de fato, que o um e o dois estejam lá antes, para que possam existir a metade e o dobro. Quanto a todos aqueles que sustentaram outras teses concernentes aos seres ou seus princípios, quer tenham dito que são em número indeterminado ou em número determinado, que são corpos ou incorpóreos ou bem um e outro, é possível examinar separadamente suas posições levando também em conta o que os antigos disseram contra elas.

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