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Enéada VI, 2, 10 — Eliminar outros gêneros: o uno-ser

– Como então cada espécie provém do ser um? – Nesse sentido, ela é algo de um, e não o um – pois já é múltipla sendo algo de um – e cada coisa é uma apenas pelo nome. Cada espécie, de fato, é uma multiplicidade, de sorte que, aqui embaixo, «um» é dito como é dito de um exército ou de um coro. O um de lá certamente não está neles, de modo que o um não é um termo comum, e não é o mesmo um também que é observado no ser e nos seres particulares. Sendo assim, o um não é um gênero. Pois em todos os casos em que se atribui um gênero a um termo qualquer, não se pode mais lhe atribuir seus opostos. Ora, de todo ser qualquer que seja, o um é afirmado ao mesmo tempo que seus opostos, e por essa razão, o um lhe será atribuído de outra forma que como gênero. Segue-se que não é verdade que ele possa ser afirmado como gênero nem dos gêneros primeiros – pois «o um que é» não é mais um que múltiplo, e uma vez que nenhum dos outros gêneros é um a ponto de não ser múltiplo –, nem dos gêneros que vêm em seguida e que são totalmente múltiplos. De forma geral, nenhum gênero é um. Sendo assim, se o um fosse um gênero, sua unidade seria destruída. Pois «o um não é um número». Mas será um número se se tornar um gênero. Além disso, o um é um em número, pois se fosse um em gênero, não seria um em um sentido primeiro. Mais um ponto: assim como o um não se encontra nos números a título de gênero que lhes é predicado, mas que é dito se encontrar entre eles, sem ser seu gênero, da mesma forma, embora o um se encontre entre os seres, ele não será o gênero nem do ser, nem dos outros gêneros, nem de todas as coisas. Um último ponto: da mesma forma, o que é simples pode ser o princípio do que não é simples, sem, no entanto, poder também ser o gênero – pois se assim fosse, o que não é simples seria igualmente simples –, da mesma forma para o um, se o um é princípio, ele não poderá ser ademais o gênero das coisas que vêm depois dele. Não será, portanto, o gênero nem do ser nem das outras coisas. Mas se deve ser gênero, o será dos particulares que são «um», contanto que se tenha, por exemplo, estimado conveniente separar o um da realidade. Será então o gênero de certas espécies. Pois, da mesma forma que o ser é o gênero não de todas as coisas, mas das espécies das quais cada uma é um «ser», da mesma forma também o um é o gênero das espécies das quais cada uma é um «um». Ora, que diferença haverá entre uma espécie e outra enquanto são «uma», senão a diferença que há do ponto de vista do ser entre uma e outra? – Mas se o um se reparte à maneira do ser e da realidade, e se o ser, nessa divisão, é considerado em várias coisas como um só e mesmo gênero, por que o um, já que se manifesta em tantas coisas quantas há realidades e se reparte em tantas partes, não seria um gênero? – Primeiro, não é necessário, supondo-se que algo se encontre em várias coisas, que essa coisa seja o gênero nem das coisas nas quais ela se encontra, nem de outra coisa. Não é necessário tampouco, de forma geral, que um caráter comum seja em todos os casos um gênero. Seja como for, o ponto que se encontra nas linhas não é um gênero, nem seu gênero, nem um gênero em geral; da mesma forma, acabamos de dizer, o um que se encontra nos números não é um gênero nem para os números nem para as outras coisas. Pois o caráter comum que se encontra em várias coisas deve poder se servir das diferenças que lhe são próprias para poder produzir espécies, e deve se encontrar em sua definição. Mas quais são as diferenças do um e quais espécies ele engendra? Se ele produz as mesmas espécies que as que se encontram no ser, ele será idêntico ao ser, e um dos dois será apenas um nome; ora, o ser basta.

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