Enéada VI, 2, 13 — Eliminar outros gêneros: a quantidade
– Então, é preciso perguntar por que a quantidade não figura entre os gêneros primeiros, e por que a qualidade também não figura. – Pois bem, a quantidade não é um gênero primeiro como os outros, porque eles vêm simultaneamente com o ser. O movimento, de fato, acompanha o ser, pois é sua atividade e sua vida. O repouso entra ao mesmo tempo que o movimento na própria realidade. E o fato de serem diferentes e idênticos se juntam ainda mais estreitamente a eles, de modo que a identidade e a diferença também devem ser levados em consideração conjuntamente. E o ser é ainda mais unido a esses gêneros que são ao mesmo tempo diferentes e idênticos, de modo que é juntos que eles são vistos. Mas o número é posterior a esses gêneros e a si mesmo; o posterior vem do anterior, os números vêm em sequência uns dos outros e o posterior está compreendido no anterior. Assim sendo, o número não pode figurar entre os gêneros primeiros. E é preciso até perguntar se é um gênero em si. Note-se que a grandeza é mais posterior e mais composta que ele. Pois a grandeza é o número que se encontra em tal ou qual coisa: dois em uma linha e três em uma superfície. Se, portanto, a grandeza contínua tira sua quantidade do número, e se o número não é um gênero, como poderá ela ser um gênero? Há também anterior e posterior nas grandezas. Mas se se diz que a grandeza e o número têm em comum serem quantidades, é preciso apreender o que é a quantidade, e, tendo-a encontrado, postulá-la como um gênero posterior, e não como um dos gêneros primeiros. E se é um gênero que não se encontra entre os gêneros primeiros, deve ser reduzido a um dos gêneros primeiros ou a um dos gêneros que se reduzem aos gêneros primeiros. É sem dúvida claro que a quantidade tem por natureza indicar o quanto de cada coisa, isto é, indicar quanto mede cada coisa, e que a natureza da quantidade é ser um quanto. Mas se a quantidade é algo comum ao número e à grandeza, então ou o número é primeiro e a grandeza dele provém, ou o número é em sua totalidade uma mistura de movimento e repouso, enquanto a grandeza é um movimento ou algo que provém do movimento, o movimento progredindo indefinidamente, e o repouso produzindo uma unidade ao parar o movimento em sua progressão. Mas restará considerar mais tarde a geração do número e da grandeza, ou antes perguntar se eles existem ou se são noções. – Mas talvez o número faça parte dos gêneros primeiros? A grandeza lhe é posterior, já que é composta. Além disso, o número faz parte das coisas em repouso, enquanto a grandeza está em movimento. – Voltaremos a esses pontos mais tarde, como já disse.
