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Enéada VI, 2, 17 — Eliminar outros gêneros: o bem

– E o belo, o bem, e as virtudes, por que isso não se encontra entre os gêneros primeiros? E ainda a ciência, ou o intelecto? – O Bem, se se trata do primeiro, do que chamamos «a natureza do bem» à qual não se pode dar nenhum predicado – o chamamos assim porque não temos nenhum outro meio de o designar –, não pode ser o gênero de nada. Não é predicado de nada mais; caso contrário, dir-se-ia de cada uma das coisas das quais ele é predicado que ela é o Bem. Além disso, o Bem vem antes da realidade, e não está na realidade. E se o bem designa uma qualidade, esta geralmente não pode se encontrar entre os gêneros primeiros. – Mas então, a natureza do ser não é um bem? – Sim, ela o é, mas diferentemente, de outra maneira que o Primeiro. Além disso, não tem a bondade a título de qualidade, mas em si. – Mas, dizíamos, os outros gêneros também estão nele, e há gênero quando há um caráter comum que cada vez é percebido em várias coisas. Se, portanto, o bem também é visto em cada parte da realidade ou do ser, ou na maioria delas, por que não seria um gênero e não se encontraria entre os gêneros primeiros? – O bem está em todas as partes do ser, mas não da mesma forma: está a título primeiro, ou a título segundo ou a um título inferior. Ou melhor, é preciso dizer, de fato, que um procede do outro, o posterior do anterior, ou melhor ainda que todos os seres procedem do Um que está além; de fato, é de outra maneira que outros seres dele participam, em função de sua natureza. Mas se se deseja a todo custo sustentar que o bem é também um gênero, será um gênero posterior, pois a bondade de um ser é posterior à sua realidade como ao que ele é, mesmo que ela sempre vá com eles, pois os gêneros primeiros pertencem ao ser enquanto ser e fazem parte da realidade. É, de fato, o que explica que o Um esteja além do ser, pois o ser, isto é, a realidade, não pode deixar de ser plural, já que é preciso que ele compreenda os gêneros que contamos e que seja «uno-múltiplo». Se, contudo, o bem é o um que está no ser – não se deve hesitar em dizer que o ato do ser que, conforme sua natureza, o leva ao Um, isso é seu bem, e que é assim que ele pode ser uma imagem do Bem –, o bem para o ser é o ato que o leva ao Bem. Isso é sua vida, isso é seu movimento, que já conta entre os gêneros.

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