Enéada VI, 2, 6 — Partir da unidade e da multiplicidade da alma
– Mas não é do exterior de sua própria realidade que lhe vem o que tem, para fazer com que, de um lado, essa realidade consista no ser, e, de outro, no fato de ser tal? Mas se sua realidade consiste no fato de ser tal e se o fato de ser tal lhe vem do exterior, sua realidade não será o conjunto em que consiste a alma, mas um aspecto particular: sua realidade será uma de suas partes , e não o conjunto que ela constitui. E então, sem as outras partes, o ser da alma, o que será senão uma pedra? – Não, é preciso que o ser da alma esteja nela, como «sua fonte e seu princípio», ou melhor, que seja tudo o que ela é, e, portanto, uma vida; além disso, esses dois elementos, ser e vida, devem ser apenas um. – Essa unidade é a da razão? – Não, é o substrato que é um, mas um de tal forma que é, por outro lado, dois ou mesmo vários, isto é, tudo o que a alma é primitivamente. É, portanto, realidade e vida, ou possui a vida. – Mas se possui a vida, é porque ele que possui a vida não está em vida por si mesmo, e que a vida não está em sua realidade; mas se, ao contrário, uma não possui a outra, é preciso dizer que as duas são apenas uma. – Não, a alma é uma e múltipla, é tudo o que se manifesta em sua unidade. É uma em si mesma, mas múltipla em relação aos outros. Seu ser é um, mas ele se torna múltiplo, por assim dizer, graças ao seu movimento. Enquanto conjunto, a alma é uma, mas quando ela se propõe a se contemplar, ela é múltipla. É, com efeito, como se ela não suportasse que seu ser fosse um enquanto ela é capaz de ser tudo o que é. E sua contemplação é a causa do fato de ela aparecer múltipla, para poder pensar. Pois se ela aparece uma, ela não pensa, mas já é o que pensa.
