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Enéada VI, 2, 7 — Os cinco gêneros primeiros: O Movimento, o Ser, o Repouso

– Quais são as coisas que se veem na alma, e qual é seu número? – Como na alma se veem conjuntamente a realidade e a vida – e a realidade é algo comum a toda alma, como a vida também é algo comum, mesmo que a vida também esteja no Intelecto –, se introduzimos na alma tanto o Intelecto quanto a vida que lhe é própria, estabeleceremos o movimento que é comum a toda vida como um gênero único. E estabeleceremos a realidade e o movimento, em que consiste a vida primeira, como dois gêneros. Pois mesmo que sejam uma só e mesma coisa, separamo-los pelo pensamento, descobrindo que essa unidade não é uma, caso contrário não seria possível efetuar essa separação. Mas observe como, nas outras coisas também, o movimento ou a vida é claramente separado do ser, senão no ser verdadeiro, ao menos na sombra do ser e no que leva o mesmo nome que ele. Assim como no retrato de um homem faltam muitas coisas e sobretudo o principal, a vida, da mesma forma, nas coisas sensíveis, o ser é apenas uma sombra do ser, cortada do ser no sentido forte, que é a vida de seu modelo. E é, portanto, a partir daí que tivemos a possibilidade de separar o ser da vida e a vida, do ser. Ora, o ser é um gênero que compreende várias espécies, mas o movimento não deve ser colocado nem abaixo do ser nem acima dele: é com ele que deve ser colocado, pois se encontra nele, mas não como se estivesse em um substrato. Pois o movimento é o ato do ser, e nem o ser nem o movimento podem se encontrar separados um do outro, salvo pelo pensamento; também essas duas naturezas não são senão uma. É que o ser está em ato, não em potência. E se, no entanto, quisermos considerá-los separadamente um do outro, o movimento aparecerá no ser e o ser no movimento, como se no «um que é», cada um dos dois termos tomados à parte contivesse o outro, embora, no entanto, o pensamento discursivo diga que há dois termos e que cada um dos dois é duplo. Portanto, uma vez que o movimento se manifesta no ser, não desvirtuando-o, mas trazendo-lhe, por assim dizer, a perfeição, e uma vez que uma natureza como a sua persiste sempre a mover-se assim, se não se fizesse intervir o repouso, seria ainda mais absurdo do que não lhe conceder o movimento. No que diz respeito ao ser, a noção e a concepção do repouso estão ainda mais à mão no que diz respeito ao ser do que as do movimento. Pois lá se encontra o que subsiste «na identidade e da mesma maneira», e o que tem apenas uma única razão. É preciso, portanto, que o repouso seja também um gênero do ser, diferente do movimento, na medida em que aparece como seu contrário. Ora, o fato de ser diferente do ser pode ser justificado de diferentes maneiras, e nomeadamente porque, se fosse idêntico ao ser, não seria mais idêntico ao ser do que o seria o movimento. Por que de fato o repouso seria idêntico ao ser, enquanto o movimento não o seria, ele que é sua vida e a atividade tanto de sua realidade quanto de seu ser? Mas assim como separamos dele o movimento, considerando-o ao mesmo tempo idêntico e não idêntico a ele, e que falamos deles como de um par de coisas que, no entanto, são apenas uma, da mesma maneira, separamos dele o repouso e, no entanto, não o separamos, porque o separamos pelo pensamento para fazer dele um novo gênero entre os seres. – Atenção, se reduzíssemos inteiramente o repouso e o ser a uma só e mesma coisa, dizendo que não há nenhuma espécie de diferença entre eles, e se fizéssemos o mesmo para o ser e o movimento, reduziríamos o repouso e o movimento a uma só e mesma coisa graças ao ser que desempenharia o papel de intermediário, e o movimento e o repouso se tornariam para nós uma só e mesma coisa.

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