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Enéada VI, 2, 9 — Eliminar outros gêneros: o uno-ser

– Sim, que sejam esses os gêneros primeiros, pode-se encontrar confirmação a partir desses argumentos e sem dúvida de outros ainda; mas que sejam os únicos e que não haja outros mais, como ter certeza? Por que, de fato, o Um não seria um gênero primeiro? E por que não o seriam também a quantidade, a qualidade, o relativo e os outros gêneros que já foram contados entre os gêneros primeiros por outros que não nós. – Pois bem, se se trata do Um que é absolutamente um, ao qual nada se pode adicionar, nem a alma, nem o intelecto, nem o que quer que seja, e que não pode ser predicado de nada, então esse Um não pode ser um gênero. Mas se se trata do um ligado ao ser, aquele de que se fala como do «um que é», então não é mais o Um de primeira ordem. Além disso, se ele próprio é desprovido de diferença, como poderá produzir espécies? Ora, sem produção de espécies, não há gênero. Como, de fato, poderia haver sequer divisões? Pois, dividindo, se produzirá o múltiplo. Sendo assim, o próprio Um será múltiplo e se autodestruirá, se quiser ser um gênero. Além disso, para dividi-lo em espécies, se lhe adicionará algo, pois não pode haver no Um diferenças, como há na realidade. O intelecto admite que há diferenças no ser, mas como aceitará que haja no Um? Além disso, cada vez que se introduz uma diferença, se destrói o Um, pois ao introduzir uma diferença se postula duas coisas, já que em todos os casos a adição de uma unidade faz desaparecer a quantidade anterior. Se alguém diz que o um que está no ser, o um que está no movimento e o um que está nas outras coisas é um termo comum, reduzindo assim o ser e o um à identidade, então, como no argumento que proíbe fazer do ser um gênero para as outras coisas, porque não são seres no sentido preciso em que o ser o é, mas seres de outra maneira, da mesma forma esse um não será tampouco um termo comum aplicando-se aos seres, mas ele será o Um em primeiro lugar, enquanto os outros serão um de outra forma. Se ele diz em seguida que não se trata de fazer do Um o gênero de todas as coisas, mas um gênero existente em si mesmo, como acontece com os outros, supondo-se que se pense que o Um e o ser são a mesma coisa, porque o ser já é contado entre os gêneros, então é uma palavra que ele adiciona. Mas se cada um dos dois é um, então ele quer falar de uma certa natureza, e se ele adiciona «certa», ele quer falar de um certo um; mas se ele não adiciona nada, ele quer falar mais uma vez do um que não é predicado de nada; e se se trata do um que está associado ao ser, ele não fala, dissemos, do Um primordial. – Mas o que impede esse um de ser o um em primeiro lugar, se o Um que é totalmente um é deixado de lado? Não dizemos de fato que o ser vem depois do Um, e que é, no entanto, o ser em primeiro lugar? – É que o que vem antes do ser não é o ser, ou que, se o que vem antes do ser fosse o ser, ele não seria o ser primordial; mas o que é antes desse um é o Um. Além disso, quando é separado do ser pelo pensamento, não comporta mais diferenças. Além disso, o um que está no ser, se acompanha necessariamente o ser, acompanha necessariamente todos os seres e lhes é posterior; mas o gênero, ele, deve ser anterior. Se, por outro lado, é simultâneo ao ser, então o é também a todas as coisas; mas o gênero não é simultâneo. Se, finalmente, é anterior, é um princípio, o princípio do ser somente; mas se é o princípio do ser, não é seu gênero, e se não é seu gênero, não é tampouco o gênero dos outros, sem o que o ser deveria também ser o gênero de todos os outros gêneros. Pois de forma geral, parece que como o um que é se encontra na vizinhança do Um e e que, por assim dizer, coincide com o ser, já que é ao se voltar para o Um que ele é um, e que é ao vir depois do Um que ele é ser, o ser pelo meio do qual ele pode também ser múltiplo, parece, digo, que esse um se recusa a constituir um gênero, permanecendo ele mesmo um e desejando não ser dividido.

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