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Enéada VI, 3, 10 — Divisão da realidade sensível em espécies: novos critérios

É igualmente possível dividir a realidade sensível assim: quente e seco, seco e frio, úmido e frio e todos os casais que se desejar formar com essas qualidades, e fazendo em seguida uma composição ou uma mistura a partir dos elementos que apresentam essas qualidades. Pode-se também parar no composto, ou bem prosseguir a divisão levando em consideração o fato de viver na terra ou sob a terra, o aspecto exterior ou as diferenças entre os animais, distinguindo assim não entre os animais, mas entre seus corpos, considerados como instrumentos. Essa divisão em função do aspecto exterior não é descabida, nem o é a divisão segundo as qualidades, calor, frio e assim por diante. Mas se alguém fosse dizer: «É segundo as qualidades que o corpo age», seria preciso responder que o corpo age também segundo as misturas, as cores e as figuras. Pois já que falamos da realidade sensível, não seria descabido considerá-la com todas as diferenças que a sensação permite apreender. Essa realidade, de fato, não é pura e simplesmente um ser, mas o ser sensível no qual consiste esse conjunto. Tendo em vista que dissemos que sua existência aparente consiste em uma associação de coisas sensíveis, é a percepção sensível que garante seu ser. E já que a composição das realidades sensíveis varia ao infinito, é melhor dividir esses compostos em função das formas que os animais apresentam, por exemplo a forma do homem considerada em seu corpo. Como esse tipo de forma é apenas a qualidade de um corpo, não há nada de descabido em conduzir a divisão em função da qualidade. Mas se é verdade que dissemos que certos corpos são simples enquanto outros são compostos, opondo, no curso de nossa divisão, o composto ao simples, também dissemos que havia corpos materiais e corpos orgânicos, sem fazer intervir o composto. Na divisão, não há tampouco oposição entre o composto e o simples. Na realidade, operamos uma primeira divisão, levamos em consideração os corpos simples, nós os misturamos, segundo um princípio inferior e introduzimos uma diferença entre esses corpos compostos segundo o lugar onde se encontram ou a forma que apresentam, distinguindo, por exemplo, entre corpos celestes e corpos terrestres. Basta sobre a realidade nas coisas sensíveis, isto é, sobre o devir.

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