Enéada VI, 3, 24 — As espécies de movimento: movimento local
24. Sobre o movimento local, se é verdade que mover-se para cima é o contrário de mover-se para baixo, e que mover-se em círculo difere de mover-se em linha reta, pergunta-se em que consiste a diferença.
– Tomemos um exemplo: joga-se algo acima da cabeça, e algo sob os pés. A potência que imprime o impulso é única, a menos que alguém pretenda que o impulso para cima seja uma coisa, e o impulso para baixo, outra, e que atua de modo diferente se comparado ao movimento para cima, sobretudo tratando-se de um movimento natural, no qual, em um caso, intervém a leveza e, no outro, o peso. Mas o que há de comum e idêntico é que o móvel é transportado para seu lugar próprio, de modo que a diferença corre o risco de depender de caracteres exteriores.
– Tomemos o caso do movimento circular e do movimento em linha reta; se percorrer um trajeto em círculo é semelhante a mover-se em linha reta, em que consiste a diferença?
– A diferença depende da configuração da trajetória, a menos que alguém pretenda que o movimento em círculo resulta de uma mistura, no sentido de que não é totalmente um movimento e que não se afasta absolutamente de seu centro. Mas, de modo geral, parece que o movimento local é um movimento único no qual as diferenças provêm de caracteres exteriores.
